segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Católicos comemoram cem anos de criação da Diocese de Ilhéus

Mapa politico da Diocese de Ilhéus
Até o próximo domingo(20) católicos de Ilhéus estarão comemorando o primeiro centenário da diocese. As comemorações alusivas a data começam nesta segunda-feira (14), às 19 horas com a abertura de uma exposição sobre das obras sociais da diocese na catedral São Sebastião e terça-feira(15), jubileu dos grupos, também, na catedral, às 18 horas.
O bispo, Dom Mauro Montagnoli está convidando a todos que queiram participar de uma carreata, na quarta-feira(16), às 17 horas, com concentração e saída em frente ao Centro de Convenções Luís Eduardo Magalhães, na Avenida Soares Lopes. Para quinta-feira(17), adoração do Santíssimo Sacramento a partir das 8 horas, na catedral, com atendimento de confissões até 12 horas e celebração eucarística no encerramento. Ainda na Catedral, ás 19 horas, está previsto o lançamento do livro "Diocese de Ilhéus: 100 anos de História", organizado pela professora/Dra, Janete Ruiz Macedo, do Centro de Documentação e memória regional da Universidade Estadual de Sant Cruz e editado pela Editus-Editora da UESC.
Dia 20 
Para o domingo(20), data da comemoração do cem anos de criação da Diocese a programação começa as 08 horas, com acolhida das caravanas em frente ao Centro de Convenções Luís Eduardo Magalhães, na Avenida Soares Lopes; às 9 horas caminhada saindo do centro de convenções em direção a catedral; às 11 horas, adoração e benção do Santíssimo; às 13 horas show com os Cantores de Deus, na avenida Soares Lopes. Ás 15 horas, missa com a presença do bispo primaz do Brasil, da arquidiocese de São Salvador, Dom Murilo Krieger.
Um pouco da história por Dom Mauro Montagnoli - Bispo de Ilhéus
A programação alusiva ao centenário da criação da diocese de São Jorge dos Ilhéus foi aberta no dia 11 de novembro de 2012. A diocese de Ilhéus Barra e Caetité foram criadas pela bula Majus animarum bonum do dia 20 de outubro de 1913 desmembrando-as do território da diocese de São Salvador da Bahia.
Cem anos evoca o jubileu. A concepção do jubileu brotou da prática do descanso sabático que deu origem ao ano sabático, como a temos atestada em Levítico 25,8-12: “Contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos,isto é, o tempo de sete semanas de anos, quarenta e nove anos. No sétimo mês, no décimo dia do mês, farás ressoar o toque da trombeta; ... Declarareis santo o quinquagésimo ano e proclamareis a libertação de todos os moradores da terra. O quinquagésimo ano será para vós um ano jubilar... O jubileu será para vós coisa santa...” 
Povo Hebreu 
No ano de 587/6 a.C. o rei da Babilônia Nabucodonosor tomou a cidade de Jerusalém, destruindo palácio, templo, casas e muros (cf. 2 Rs 24-25). Muitas pessoas foram mortas, outras tantas foram deportadas e muita gente do povo simples, “os mais pobres da terra”, acabaram ficando na terra. Uma potência estrangeira provocou uma interferência profunda nas relações sociais. A cidade está destruída, o templo, demolido, o país, arrasado, e a estrutura de governo está desmantelada. 
O exílio é um tempo de sofrimento e esperanças. 
Cinquenta anos depois, no ano 538 a.C., com o “decreto de Ciro”, imperador persa, o povo judeu é autorizado a retornar para sua terra, a Palestina, e lá começar a reorganizar a sua vida. É o período de restauração da vida do povo de Deus. Recomeça, na terra de Israel, um tempo de reencontro, marcado por uma série de desencontros e conflitos. 
O ano do Jubileu (Lv 25) 
O nome Jubileu provém da palavra hebraica yobel, que significa “chifre de carneiro”, uma espécie de instrumento de sopro. Trata-se uma espécie de “berrante”, que servia para anunciar um chamado ou um julgamento de Deus (cf. Ex 19,13). O ano do yobel é o ano que começa pelo toque do chifre. Daí o nome jubileu. 
Este texto de Levítico 25 propõe basicamente a realização de três ações concretas essenciais no ano do Jubileu: 1. descanso da terra (Lv 25,1-7); 2. reintegração de posse da terra (Lv 25,8-34); 3. libertação ou resgate de escravos (Lv 25,39-55). 
A aplicação concreta do jubileu é uma proposta libertadora. A terra precisa de descanso; não pode ser usada até à sua exaustão. Ela é propriedade de Deus. Deus é o doador último da terra. Por isso, ela terá sempre um caráter de terra de trabalho e não deverá ser um objeto de especulação imobiliária. Deverá se extinta toda escravidão. A proposta do Jubileu traz intrinsecamente uma profunda dimensão utópica e transformadora. 
O jubileu é o tempo de “proclamar libertação”, termo técnico para designar a libertação e/ou alforria de escravos e escravas. Podemos incluir aqui também a realidade de presos de guerras e de lutas, que anseiam por libertação. O jubileu também faz referência ao “ano aceitável ao Senhor”, em que se dá a remissão de dívidas, um ano em que as relações sociais precarizadas poderão novamente ser restabelecidas.
Perspectivas 
Nos cinquenta anos de sofrimentos e esperanças do exílio na Babilônia, a palavra de Deus, por força do seu Santo Espírito, impulsionou um povo desterrado para um futuro a ser aberto pelo próprio Deus.
Os sonhos e as ansiedades dos exilados que retornam à terra natal levaram à formulação da proposta de um amplo jubileu. O reencontro com a terra e com as pessoas que lá viviam naquela época e cultivavam estas terras mostrou os problemas e as dificuldades dessa proposta. Mas permaneceu a sua força utópica, como reserva de sentido também e sobretudo para nós.Temos nossos problemas e dificuldades para por em prática essa proposta do jubileu bíblico.
No proximo domingo(20) de outubro 2013 celebramos o Jubileu dos Cem Anos da criação da Diocese de São Jorge dos Ilhéus. O jubileu deve ser, para todos nós, tempo de profunda reflexão e ao mesmo de tomada de consciência da nossa missão comum de fazer acontecer a proposta de Jesus: a evangelização dos pobres, a libertação dos cativos e a recuperação da vista aos cegos (cf. Lc 4,18). Temos a responsabilidade de tornar presente a utopia do jubileu.
Nesse periodo, iluminados e animados pelo lema do centenário, “O que vimos e ouvimos nós anunciamos” (cf. 1Jo 1,3) pedimos que o Espírito Santo nos sustente, e a intercessão de Nossa Senhora das Vitórias e de São Jorge mártir, nosso padroeiro, alcancem-nos as graças que precisamos para sermos féis no seguimento de Jesus Cristo, nosso Salvador e Libertador.

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