Historicamente, as mulheres nunca foram muito estimuladas a pensar e a gostar de sexo
Não é à toa que a velha desculpa da dor de cabeça para escapar do sexo seja naturalmente associada às mulheres. Os problemas de baixo desejo sexual são muito mais comuns entre elas do que nos homens. Além das causas fisiológicas, existem diferenças culturais e sociais que influenciam a libido feminina. Historicamente, as mulheres nunca foram muito estimuladas a pensar e a gostar de sexo.
Segundo a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Prosex (Programa de Estudos em Sexualidade) da USP (Universidade de São Paulo), a falta de desejo atinge 5,8% das mulheres brasileiras entre 18 a 25 anos. Essa porcentagem aumenta com a idade, chegando a cerca de 20% na faixa etária dos 60 anos.
Entre os homens, a baixa libido é bem menos frequente e não se modifica tanto ao longo da vida. Na faixa de 18 a 25 anos, 2,4% apresentam o problema e, aos 60 anos, menos de 5% não têm desejo. "Os homens estão sempre mais prontos para o sexo. Além de culturalmente serem mais estimulados, eles não têm ciclos de vida como a mulher, que se alteram do ponto de vista biológico", explica Carmita.
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Embora acusado de ser pouco fiel à história real, "Contos Proibidos do Marquês de Sade" retrata o período em que o famoso aristocrata e escritor, cuja obra cunhou o termo "sádico", ficou internado em um sanatório. O papel do Marquês rendeu uma indicação ao Oscar para o ator Geoffrey Rush Reprodução
As mulheres precisam lidar com as diferentes fases hormonais e o ciclo menstrual, fatores que afetam diretamente o apetite sexual. Não há muito o que fazer com relação a esses processos fisiológicos, entretanto, é possível "colocar mais sexo na cabeça" para aumentar a vontade de transar. "Estudos mostram que mulheres que vivem mais em contato com o assunto têm o desejo mais preservado", diz a coordenadora do Prosex.
Sexo na cabeça
Os pensamentos libidinosos nem sempre entram com facilidade na mente feminina. Os homens têm tendência a pensar mais sobre sexo. Em uma pesquisa sobre o tema com estudantes da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, publicada em 2011, a média entre os rapazes foi de 19 pensamentos sexuais por dia, quase o dobro das mulheres, que pensavam sobre o assunto cerca de dez vezes no mesmo período.
As diferenças na relação com o sexo vêm desde a infância. Como a erotização na vida dos meninos é vista com maior naturalidade, eles começam mais cedo a se masturbar, buscar conteúdos eróticos e dar vazão aos impulsos sexuais. As meninas, na maioria das vezes, demoram mais para fazer essas descobertas.
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Por mais que o comportamento humano mude e evolua, alguns mitos são perpetuados através das gerações. Quando o assunto é sexo, então, não é nada difícil que um conceito da época da sua avó volta e meia seja citado por alguém como verdade incontestável. Falta de informação, preconceito e dificuldade para abordar o tema são alguns dos fatores que ainda mantêm vivas algumas crenças equivocadas. Veja, a seguir, alguns exemplos. Por Heloísa Noronha, do UOL, em São Paulo (com colaboração de Thais Carvalho Diniz) Didi Cunha/UOL
"A sexualidade feminina ainda é muito reprimida, tanto pelas próprias mulheres quanto pela sociedade. Ainda existe muito preconceito", afirma a produtora editorial e escritora Viviane Ka, autora da obra de ficção "10 Mandamentos para a Felicidade Sexual da Mulher" (Editora Jaboticaba). O primeiro mandamento do livro é "despir-se de preconceitos quanto ao próprio desejo".
A psicóloga e terapeuta sexual Lúcia Pesca, umas das coordenadoras do Centro de Educação e Orientação em Relações de Vida, também bate nessa mesma tecla. Lúcia defende que, em primeiro lugar, a mulher precisa aprender a se conhecer e a se permitir ter prazer sozinha.
Aumentando os estímulos, cresce também o desejo. "É como se fosse uma catraca que começasse a funcionar mais rapidamente, quanto mais você se estimula, lendo, ouvindo, falando, tocando, mais a vontade por sexo aumenta. Se não fizer, a catraca continua funcionando, mas não da mesma forma".
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