quinta-feira, 26 de junho de 2014

Brasil:diante da ameaça de calote, bancos retêm crédito e taxa de juros dispara

Ordem nas agências bancárias é reduzir os limites de empréstimos e financiamentos disponíveis nas contas-correntes da clientela. Encargos médios cobrados das pessoas físicas atingem 42,5% ao ano, os maiores registrados desde maio de 2011
Diante da ameaça de uma nova onda de calotes, os bancos apertaram o crédito. Além de cortarem várias das linhas de empréstimos disponíveis nas contas-correntes da clientela, especialmente daquela com renda de até 10 salários mínimos (R$ 7,2 mil), empurraram as taxas de juros para as alturas. A ordem que impera nas agências é dar preferência às operações com garantias, como o consignado, com desconto em folha. Não por acaso, de janeiro a maio, de cada R$ 100 liberados pelas instituições financeiras, R$ 70 têm as parcelas descontadas dos contracheques dos trabalhadores.
“Os riscos estão elevados. Boa parte da clientela está endividada demais, e a inflação corroeu a renda”, disse um executivo do Itaú Unibanco. “O nome do jogo agora é seletividade e juros mais altos”, acrescentou um representante do Santander. O Banco Central reforça esse quadro desanimador, que dificulta ainda mais a reação da atividade. Pelas contas da autoridade monetária, em vez de 10%, os empréstimos e os financiamentos com recursos livres, sem subsídios, terão incremento de apenas 7% em 2014. Não é só. No mês passado, os juros cobrados das pessoas físicas atingiram 42,5%, o maior nível desde maio de 2011.
Bem mais salgada ficou a conta de quem recorreu ao cheque especial. Em maio, os juros praticados nessa linha chegaram a 168,5% ao ano. Apenas como exemplo, uma pessoa que tivesse tomado R$ 5 mil emprestados a essa taxa pagaria, ao fim de um ano, R$ 8.425 apenas em encargos. É por essa razão que 10 em cada 100 clientes que utilizam o limite do especial não conseguem pagar a dívida contraída. A inadimplência nessa linha é duas vezes maior do que a média das demais.

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