quinta-feira, 26 de junho de 2014

Vereador destaca a importância da Cooperativa de Desenvolvimento Sustentável da Agricultura Familiar do Sul da Bahia



A Cooperativa de Desenvolvimento Sustentável da Agricultura Familiar do Sul da Bahia (COOFASULBA), o Governo da Bahia e o SEBRAE realizaram a 6ª Feira de Agricultura Familiar e Festa do Milho de Ilhéus, entre os dias 18 e 24 de junho, na Avenida Soares Lopes. O vereador Dero Farias (PT) é um dos fundadores da cooperativa e participou ativamente da produção de todas as edições do evento.
A feira reuniu expositores de associações agrícolas e comunitárias. Nos estandes, foram comercializadas comidas e bebidas típicas, além de peças confeccionadas por artesãs da região. A exposição de animais encantou o público infantil. O forró embalou todas as noites da festa. As quadrilhas completaram o festejo junino com a magia das cores em movimento. O clima de paz imperou.
Na entrevista a seguir, Dero explica como a cooperativa auxilia os agentes da agricultura familiar, e ressalta a importância que a feira tem para dar visibilidade aos trabalhos desenvolvidos pela COOFASULBA.Qual a importância da Cooperativa de Desenvolvimento Sustentável da Agricultura Familiar do Sul da Bahia para os seus associados?
Dero Farias - A cooperativa une 44 associações. O amadurecimento dessa turma aconteceu em 2004. Nós fundamos a COOFASULBA com o objetivo de resolver um dos maiores gargalos da agricultura familiar, que é a venda da produção. 
Geralmente, os agricultores familiares vendem sua produção individualmente, na maioria das vezes, ao atravessador. O nosso objetivo era agregar os produtores para que eles tivessem um poder maior de negociação e, com isso, conseguir preços melhores.
A cooperativa também media a relação dos agricultores com as políticas públicas. Por exemplo, o Plano Safra da Agricultura Familiar não fazia sentido para essa turma, porque eles não conheciam e nem tinham acesso. Hoje nós temos acesso ao plano que, diga-se de passagem, melhorou muito nos últimos 12 anos, saindo de R$ 2 bilhões para R$ 24 bilhões, em todo o país nesse ano (2014). Mesmo com esse volume de recursos, os agricultores precisam se articular para acessá-los. 
Além do financiamento, eles são beneficiados por políticas de assistência técnica, de melhoramento genético e agroindústria. Nós também conseguimos juntar, em torno da cooperativa, um “pool” de entidades estaduais e federais que trabalham nesse sentido.
No caso do município de Ilhéus, é preciso planejar a cada ano os nossos objetivos. Nesse planejamento, os agricultores, as cooperativas e as associações devem atuar em parceria com a CEPLAC, o EBDA e os bancos públicos. De modo geral, as políticas são eficientes, mas, precisam ser ampliadas para manter o homem no campo. 
A saída da juventude do meio rural é um problema que ocorre no Brasil inteiro. Os jovens não se sentem confortáveis no campo, mas, hoje, com essas novas políticas e oportunidades, o cidadão pode ser um doutor, morar na sua propriedade e trazer seus conhecimentos para ganhar dinheiro com a sua família.
Nós avançamos muito com a regularização fundiária. Para você ter ideia, em Ilhéus, muita gente não tem um documento que legitima o domínio da terra. O cidadão mora há 50 anos no lugar, mas, não tem nada que registre a propriedade. Essa situação atrapalha o acesso às políticas públicas. Regularizar o domínio da terra é mais um trabalho facilitado pela cooperativa. Muito ainda precisa ser feito para melhorar a vida no campo, principalmente a infraestrutura, melhorar estradas, os sistemas de saúde e educação pública, levar a internet, sinal de celular e tudo que contribua para a inserção social do trabalhador, sem que ele saia da zona rural. 
Qual o papel do Vereador Dero na organização da Feira de Agricultura Familiar e Festa do Milho.
Dero Farias - 60 % dos votos que tive vieram do campo. Meu mandato tem compromissos com essa turma boa da agricultura familiar. Eu nunca pensei em ser vereador e não impus minha candidatura, pelo contrário, foram eles que me intimaram: “você é o nosso candidato”. Esse é o primeiro mandato, mas, eles estão comigo desde 2004. Em 2008, tive mais de 2 mil votos, fui o quinto mais votado e não consegui me eleger devido à coligação. Então, além de legislar e fiscalizar o executivo, eu uso o mandato para mediar a relação das associações com as entidades governamentais. Como parlamentar, busco trazer e ampliar as políticas públicas, além de atrair investimentos para a agricultura familiar. 
Como o senhor avalia a evolução da feira desde o primeiro evento, há seis anos?
Dero Farias - A feira começou pequena, no estacionamento da CEPLAC, para envolver a turma, trazer o agricultor para vender seu produto e fazer contatos. Depois o espaço ficou pequeno e então resolvemos transferir para a Avenida Soares Lopes.
O evento já serve aos propósitos da cooperativa, mesmo assim, queremos desenvolvê-lo ainda mais, pois ele incentiva e valoriza a agricultura familiar e dialoga com a cultura para manter a tradição junina. As crianças sempre se encantam com a exposição de animais. Nos dias da feira, elas deixam o videogame de lado para brincar na quadrilha de São João, coisa que eu fazia no meu tempo de menino.
A feira também dá visibilidade aos trabalhos desenvolvidos pela cooperativa, mostra que existem atividades importantes em diversas áreas. Na 5ª edição do evento, no ano passado, nós assinamos o contrato de um projeto importante, de R$ 2 milhões, para a produção de peixe em cativeiro. Esse projeto, que valoriza a piscicultura, é voltado sobretudo para os jovens dos assentamentos da reforma agrária, que podem complementar a renda da família e conciliar o trabalho com os estudos. 
Nós temos exemplos de jovens que trabalharam em seu lote no assentamento, fizeram o curso de técnico agrícola e hoje, enquanto estudam Engenharia Agronômica na UESC, já são técnicos da cooperativa. 
Outro projeto trazido através da feira é o da agroindústria de polpas e doces. Nós vamos instalar uma unidade com câmara frigorífica e caminhão térmico, que permitirá a venda em outras cidades. 
Para resumir, o evento anual fortalece a cooperativa, estreita os laços entre a sociedade e o Estado e reforça a importância do associativismo.

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