Até 2012 a diferença entre ricos e pobres no Brasil ficou estagnada e contraria dados oficiais. Pela primeira vez, pesquisa usou informações do Imposto de Renda

Pela primeira vez no Brasil, os dados das declarações de Imposto de Renda (IR) foram usados para calcular a desigualdade, replicando estudos do francês Thomas Piketty. As informações da Receita Federal, necessárias para alcançar os mais ricos, foram aliadas às da Pnad, que medem bem a renda dos mais pobres. Aplicadas a uma metodologia referendada cientificamente, as duas fontes mostraram que, ao contrário da queda na desigualdade de 2006 a 2012 alardeada pelo governo, o índice permanece estável. No período analisado, o coeficiente de Gini — parâmetro internacional, numa escala de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo do 0 menor é a desigualdade num país — passou de 0.695 para 0.690. Oscilou, portanto, menos de 1%, o que é considerado mera flutuação estatística.
No mesmo período, os cálculos do governo, baseados apenas nas pesquisas domiciliares, resultam em um Gini de 0.619 em 2012 — uma desigualdade 11% menor que a verificada no estudo da UnB. Tanto para esse coeficiente oficial quanto para o mensurado na pesquisa, foi levada em consideração a renda dos adultos maiores de 18 anos, já que crianças não declaram imposto de renda. Na divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de quinta-feira passada, a base dos dados é renda familiar, e não individual, por isso o Gini, com esse parâmetro, fica em 0.496 em 2012.
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