quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Faculdade Madre Thaís implanta Programa de Orientação e Reabilitação de Incapacidades em Hansênicos

A hanseníase constitui um problema de saúde pública e por esse motivo gera preocupação em muitos setores da sociedade. Diante disso os cursos de Fisioterapia e Enfermagem da Faculdade Madre Thaís (FMT), em Ilhéus, implantou o Programa de Orientação e Reabilitação de Incapacidades em Hansênicos (PROREABIH). O lançamento ocorreu no Centro de Atendimento Especializado (CAE 3)/ Fundação Sesp da Secretaria de Saúde de Ilhéus, situado na Avenida Canavieiras, com a presenças de pacientes, estudantes, professores e profissionais do setor.
Coordenado pela professora Gracielle Santos e apoiado pelas professoras Karla Rocha Carvalho Gresik, coordenadora do Curso de Fisioterapia e Sara Tannus, coordenadora do Curso de Enfermagem, da FMT, o Projeto de extensão PROREABIH foi idealizado mediante os preceitos da legislação que tratam de ações que visam orientar a prática da saúde de acordo com os princípios do SUS. Sendo assim, o programa visa fornecer educação em saúde correlatas a fisioterapia e enfermagem, prevenir e ou atenuar as incapacidades e para isso atuará em parceria com os profissionais do setor de Hanseníase da Fundação Sesp na avaliação neurológica, encaminhamento e acompanhamento dos pacientes
O projeto, que envolve alunos e professores dos cursos de Fisioterapia e Enfermagem com a finalidade de capacitar discentes de modo a atuar em um serviço de atendimento destinado aos hansênicos, bem como atender às Instituições parceiras com projetos de acessibilidade. De acordo com a professora Gracielle Santos, os pacientes serão atendidos e acompanhados no ginásio de Fisioterapia da Faculdade Madre Thaís, situado no térreo da FMT, na Avenida Itabuna, todas as quintas-feiras a partir das 15h30min. 
Doença Infectocontagiosa
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, causada por uma bactéria (Mycobacterium leprae), que compromete principalmente a pele e os nervos periféricos, provocando manchas na pele, alteração da sensibilidade e inflamação. A doença é transmitida através das secreções das vias respiratórias (nariz e boca) para as pessoas que convivem com o doente não tratado. Assim que se inicia o tratamento, os pacientes deixam de transmitir a doença. Se não for tratada precocemente, a hanseníase pode tornar-se grave e gerar deformidades físicas devido ao comprometimento dos nervos, principalmente nas mãos, pés e face.
O tratamento da hanseníase é fornecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a todos os doentes. O tratamento, conhecido como Poliquimioterapia (PQT), é composto por dois ou três medicamentos e dura de 6 a 24 meses, dependendo de cada caso.
Preconceito
A milenar doença hanseníase, conhecida durante muitos séculos por lepra, ainda traz arraigada ao seu nome, o preconceito e discriminação daqueles que a desenvolveram. Esta situação é originada basicamente em função da generalizada falta de informação por parte da população ao seu respeito. Um dos pacientes agradeceu aos alunos e professores por estarem com eles, sem preconceito salientando que "as pessoas quando descobrem que eu estava com demonstravam medo de mim. Alguns não chegam perto". "Os próprios familiares nos rejeitam com medo da contaminação," desabafou um outro.
Ao criar o Programa de Orientação e Reabilitação de Incapacidades em Hansênicos , a Fisioterapeuta Neurológica e Professora Gracielle Santos da Faculdade Madre Thaís reconhece que para enfrentar a hanseníase, além da questão terapêutica é necessária a educação em saúde, as estratégias de informação e a desmistificação da doença.
Dificuldades
De acordo com a professora/dr em Ciências na Enfermagem em Saúde Pública, Ana Maria Dourado Lavinsky Fontes, da Universidade Estadual de Santa Cruz , em sua tese "Cartografia da micropolítica do cuidado a pessoa vivendo com hanseníase ", o Brasil é o 2º país do mundo em prevalência de casos. Em Ilhéus a hanseníase apresenta um comportamento endêmico com a presença significativa de casos de formas contagiantes, fato que indica diagnóstico tardio."
"Apesar do Ministério da Saúde recomendar e estabelecer como prioridade a descentralização das ações de controle da hanseníase para a rede de atenção básica, o atendimento às pessoas vivendo com hanseníase em Ilhéus ainda está centralizado no Centro de Atenção Especializada (CAE III), fato que dificulta o acesso aos usuários e a detecção precoce de casos," avalia a professora Ana Fontes. 
Atenção após a cura
Outra particularidade da hanseníase é que depois da cura, parte dos pacientes também podem continuar desenvolvendo problemas neurológicos. Como explica a enfermeira Lorena Araujo, da rede municipal de Saúde “em alguns casos, os pacientes já curados desenvolvem neuropatias. Ás vezes nem associam as incapacidades físicas e a dor à hanseníase, porque já estão curadas. Elas se acostumam à dor. É preciso continuar a ter atenção médica.”

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