segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Fechar a Secretaria de Cultura é um equívoco

 O governo do Prefeito Mario Alexandre deve iniciar no dia 1 de janeiro dando corpo a sua reforma administrativa. Natural e bom para um novo governo com um novo método de gestão. 
Percebe-se, contudo, que por trás da indefinição da Secretaria da Cultura, conforme anuncio do secretariado feito pelo prefeito eleito durante um culto ou show gospel público pode estar não apenas a intenção de enxugar gastos, justificativa que se espera da nova gestão, mas também uma retaliação à classe artística. 
A Secretaria será extinta. Com ela serão extintas todas as conquistas do movimento artístico cultural que tem resultado em grandes e largos passos para o desenvolvimento turístico da cidade de Ilhéus.
O movimento que resultou na criação da Rede de Museus, o Movimento Afro, as questões relacionadas diretamente a musica e ao teatro serão soterrados. Não pode-se esquecer que muitos desses pontos aqui postos foram deixados de lado ou ignorados na gestão do Prefeito Jabes Ribeiro quando resolveu jogar no lixo Fundação Cultural de Ilhéus dando-lhe status de Secretaria. Sem autonomia lá se foram vários projetos e atravancando outros nas áreas da dança, do teatro, artes plásticas e da musica.
O governo que vai se instalar, ao tornar a Cultura um “carteirinha” nos fundos da Secretaria de Educação dá um tiro de misericórdia no setor. Mas, pode também, estar dando um “tiro no pé” em sua gestão. O Prefeito que tomará posse dia 1 de janeiro, já esteve vice na desastrosa gestão de Newton Lima e parece querer trazer no espelho do tempo a reedição do passado. Pelo menos na composição do secretariado ressuscita parte da equipe do passado deixando a população esclarecida de cabelos em pé. 
O Futuro governo precisa entender que a Secretaria de Educação tem problemas demais para lembrar-se da Cultura. Deve ter consciência, não precisa lato sensu em gestão pública, de que na pior das hipóteses poderia juntar Turismo e Cultura. 
Pode levar em consideração que o turismo cultural compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura. É fato.
Peço desculpas ao alcaide titular e ao alcaide vice, para insinuar que a compreensão do significado deste conceito (Turismo e Cultura), diante da falta de voltade de manter a autonomia da Cultura, permitirá que se continue o trabalho para tornar visível as características e o dimensionamento para o desenvolvimento do setor.
A cultura coloca muito da economia em jogo. O Turismo Cultural está relacionado à motivação do turista, especificamente a de vivenciar o patrimônio histórico e cultural e determinados eventos culturais, de modo a experienciá-los e preservar a sua integridade. 
A atitude que se desenha parece não levar em conta o patrimônio histórico e cultural e eventos culturais de Ilhéus. Demonstra a indisposição para a valorização e promoção dos bens materiais e imateriais da cultura das “Terras de São Jorge dos Iléos”.
Fechar a Secretaria da Cultura é um equivoco, pode parecer um plano demolidor ao mundo das artes e da cultura. Um retrocesso que também pode demonstrar o desprezo pelo município cuja vocação pelo turismo está ligada diretamente a cultura que tem como carro chefe quase 500 anos de história e a figura que levou para o mundo, numa linguagem única e que ainda se pode aprender muito da cultura ética, moral, econômica e social destas terras.

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