(Gabriel Cabral/FolhapressAnteriorPróxima) - Apenas cerca de 8% dos alunos do ensino médio no Brasil
pertencem ao nível técnico, segundo tabulação de dados do Censo da Educação
Básica feita pelo Movimento Todos Pela Educação. É um número muito baixo quando
comparado à situação de países europeus, por exemplo.
A participação dessa modalidade é bem maior em outros
países, de acordo com o Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação
Profissional: na Finlândia, na Áustria e na Alemanha, alunos do ensino técnico
representam, respectivamente, 70,4%, 69,8% e 47,8% dessa etapa da educação.
Uma das razões que explicam o baixo interesse dos estudantes
brasileiros por esse tipo de ensino é o estigma que ainda o envolve.
Instituída em 1909 no Brasil, a educação profissional nasceu
com um caráter assistencialista, voltada para os filhos das classes sociais
menos abastadas.
"O preconceito vem de uma sociedade calcada na ideia de
que as profissões mais prestigiadas decorrem do mundo acadêmico", analisa
Arthur Fonseca Filho, que é diretor da Associação Brasileira de Escolas
Particulares. "Isso faz parte do contexto social do país como um todo, não
é do contexto específico da escola."
Priscila Cruz, do Todos Pela Educação, acredita que a visão
sobre o ensino profissionalizante dependerá da forma como for implementado.
RESSIGNIFICAÇÃO
"A lei abriu uma possibilidade de ressignificar o
ensino técnico no país: se um Estado articula a formação às áreas estratégicas
para o desenvolvimento socioeconômico, isso pode ser maravilhoso, mas se a
oferta for defasada, podemos ir para outro extremo."
O desejável é que as escolas técnicas estejam muito mais
próximas do mundo do trabalho real.
Outro pensamento do senso comum que, atualmente, já está
sendo posto em xeque é a ideia de que os alunos desses cursos tendem a ir para
o mercado de trabalho sem ao menos refletir sobre as possibilidades da vida
acadêmica.
A estudante Danielly Costa, 17, é um exemplo que desmente
isso. A garota faz o curso de técnico em edificações do Liceu de Artes e
Ofícios, e deve concluir sua formação no fim deste ano.
"No ano que vem, quero continuar na área da construção
civil, que é o que eu realmente gosto de fazer", diz a jovem. "Após
conseguir um trabalho, vou me preparar para o vestibular."
A formação técnica, neste caso, poderá ser complementada com
cursos superiores de arquitetura e urbanismo ou engenharias.
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