quarta-feira, 25 de abril de 2018

Sinal de Alerta: Suicídio entre adolescentes avança no País

Entre 2000 e 2015, os suicídios aumentaram 65% entre pessoas com idade entre 10 e 14 anos de idade e 45% de 15 a 19 anos
90% das pessoas que se suicidam possuíam transtornos mentais; elas poderiam ter sido tratadas 
As taxas de suicídio de crianças e adolescentes no Brasil têm aumentado nas últimas décadas, e casos recentes envolvendo estudantes de São Paulo levaram à mobilização de colégios particulares para tratar do problema. Entre 2000 e 2015, os suicídios aumentaram 65% entre pessoas com idade entre 10 e 14 anos e 45% de 15 a 19 anos – mais do que a alta de 40% na média da população.
O levantamento do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, com base em dados do Ministério da Saúde, aponta que as taxas nesses grupos (de 0,8 e 4,2 por cem mil habitantes, respectivamente) estão abaixo do índice geral (5,5). Mas sua evolução preocupa.
Nas últimas duas semanas, três estudantes de colégios privados de elite da capital paulista se suicidaram – dois eram do Bandeirantes e um do Agostiniano São José. Boatos sobre jogos e aplicativos circularam nas redes sociais, para nervosismo dos pais. O Bandeirantes afirma que os dois casos envolvendo alunos do colégio não estavam ligados entre si e nega qualquer relação com jogos ou aplicativos. O Colégio Agostiniano São José disse que “refuta os comentários indevidos divulgados pelas mídias sociais e que em nada acrescem à realidade do fato em si”. Os episódios levaram as escolas a realizar atividades com alunos e pais para dar orientações sobre esse tema.
O Bandeirantes, que estava em período de provas, decidiu suspender alguns dias de avaliação. Em seguida, reuniu os estudantes para conversas. “Os alunos puderam colocar seus sentimentos, conversar sobre luto e perda. Eles precisavam ser acolhidos”, afirma Estela Zanini, coordenadora do colégio, que também convocou uma especialista em suicídio para preparar a equipe de professores e dar palestras para pais e estudantes.
Mesmo em escolas onde não houve casos recentes, as mortes das últimas semanas impactaram a rotina. No Madre Alix, os professores realizaram rodas de conversa propostas pelos estudantes – alguns eram colegas dos que se suicidaram no Bandeirantes. “Acho que toda escola está se repensando neste momento”, afirma Katia Chedid, diretora do Madre Alix, que tem um projeto que trabalha com valores sociais e emocionais.
Estudiosos mencionam questões sobre sexualidade, dificuldade de lidar com frustrações, bullying, pressão pela escolha carreira e por um bom desempenho escolar como conflitos que surgem nesta idade e podem funcionar como agravantes. Além disso, as redes sociais, em muitos casos, podem passar a impressão de que todos estão felizes e, assim, contribuir para aumentar a angústia dos jovens.
“A adolescência já é um período conturbado e, atualmente, eles sofrem muita pressão da sociedade e das famílias. O jovem é cobrado para ter um alto desempenho, passar em uma faculdade excelente, ter uma carreira de sucesso, estudar fora. E pode ser que ele não queira isso”, afirma a psicóloga Karen Scavacini, cofundadora do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio. (Folhapress)
Como prevenir o suicídio
Sinais de alerta gerais
Falar sobre querer morrer, não ter propósito, ser um peso para os outros ou estar se sentindo preso ou sob dor insuportável
Procurar formas de se matar
Usar mais álcool ou drogas
Agir de modo ansioso, agitado ou irresponsável
Dormir muito ou pouco
Se sentir isolado
Demonstrar raiva ou falar sobre vingança
Ter alterações de humor extremas
• Alguns mitos sobre suicídio
“Se eu perguntar sobre suicídio, poderei induzir uma pessoa a isso”
Questionar de modo sensato e franco fortalece o vínculo com a pessoa, que se sente acolhida e respeitada
“Quem quer se matar se mata mesmo”
As pessoas que pensam em suicídio frequentemente estão ambivalentes entre viver ou morrer. Prevenção é impedir os casos que são evitáveis
• O que fazer
Não deixe a pessoa sozinha
Tire de perto armas de fogo, álcool, drogas ou objetos cortantes
Leve a pessoa para uma assistência especializada
• Ligue para canais de ajuda
188 ou 141 são os telefones do Centro de Valorização da Vida (CVV). Também é possível receber apoio emocional via internet (www.cvv.org.br), e-mail, chat e Skype 24h por dia
90%
das pessoas que se suicidam possuíam transtornos mentais; elas poderiam ter sido tratadas

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