quarta-feira, 20 de junho de 2018

Vitória da Conquista: Acusados de matar evangélicas após disputa por fiéis vão a juri

O pastor Edimar, o ex-pastor Fábio e
o vigilante Adriano são réus por assassinato
(Foto: Divulgação/Polícia Civil)
O pastor evangélico Edimar da Silva Brito, 39 anos, o ex-pastor Fábio de Jesus Santos, 36, e o vigilante Adriano Silva dos Santos, 38, irão mais uma vez a júri popular, por determinação da Justiça Criminal de Vitória da Conquista, no Sudoeste do estado, por terem matado duas evangélicas a pedradas em 19 de janeiro de 2016.
As vítimas são a pastora Marcilene Oliveira Sampaio, 38, e a prima dela, Ana Cristina Santos Sampaio, 37. Marcilene era professora universitária no campus da Universidade Estadual da Bahia (Uneb) de Brumado (vizinha a Conquista) e bastante conhecida no meio acadêmico.
O duplo homicídio ocorreu por motivo de vingança contra a pastora, segundo apuração da Polícia Civil e do Ministério Público da Bahia (MP-BA). Marcilene e Edimar eram de uma mesma igreja, mas se desentenderam e a pastora saiu, levando com ela vários fiéis, o que resultou em perda de receita financeira para Edimar.
A sentença de pronúncia do juiz Reno Viana Soares, titular da Vara do Júri e Execuções Penais, foi dada dia 15 de junho e publicada no Diário Oficial da Justiça nessa segunda-feira (18), determinando também que os três acusados sejam presos de forma preventiva – Fábio e Adriano já estão no Conjunto Penal de Vitória da Conquista.
Edimar, por sua vez, havia conseguido a liberdade do Conjunto Penal em 20 de junho de 2017 e, como ainda não se apresentou depois da determinação de prisão preventiva está sendo considerado foragido pela Justiça. O advogado dele, Antonio Rosa dos Santos, não foi localizado pelo CORREIO.
De novo
Esta é a segunda vez que a Justiça sentencia os acusados a irem a Júri Popular. A primeira, foi em 2 de agosto de 2016, mas logo depois, em 5 de setembro do mesmo ano, o juiz decidiu pela separação dos processos, ficando Adriano em uma ação penal e Edimar e Fábio em outra.
A separação do processo, pelo Art. 80 do Código Penal, é possível quando as infrações cometidas pelos envolvidos são praticadas em circunstâncias de tempo e de lugar diferentes. Os três respondem por duplo homicídio qualificado, mas em graus de participação diferentes nos crimes.
Adriano havia sido condenado a 30 anos de reclusão em outubro de 2016, mas em dezembro de 2017 o Tribunal de Justiça da Bahia, por meio do desembargador Nilson Castelo Branco, determinou a nulidade total da sentença de pronúncia do juiz Reno Viana Soares.
A alegação da defesa dos acusados, e que foi acatada pelo TJ-BA, é a de cerceamento de defesa dos réus pelo fato de o juiz Reno Viana Soares ter negado pedidos de reconstituição do crime. Com isso, o processo voltou para a primeira instância, tendo o juiz dado a mesma sentença de pronúncia sem permitir a reconstituição do crime.
“Neguei porque a reconstituição, ao meu ver, não contribui para o bom entendimento do processo, é mais uma ferramenta jurídica que atrasa o andamento do processo judicial”, disse o juiz ao CORREIO.
“O réu não pode produzir prova contra si, e entendo que as provas dos autos do processo são suficientes para levá-los a Júri Popular”.
A vingança
No crime, ocorrido por volta das 23h de 19 de janeiro de 2016, o pastor Carlos Eduardo, esposo da pastora Marcilene, seguia com ela e Ana Cristina para casa, depois de terem participado de um culto evangélico.
O casal de pastores morava num sítio próximo a Vitória da Conquista e foi perseguido, segundo a polícia, por Edimar e os comparsas com o objetivo de matar Carlos Eduardo e Marcilene.
No caminho de volta, a picape L200 de Carlos Eduardo teve um problema, o que o fez parar na estrada, momento em que os ocupantes do veículo foram abordados por Edimar e os demais – Fábio usava um revólver que pertencia a Adriano.
O pastor Carlos Eduardo foi colocado no veículo usado pelo trio, um Versa banco, e as mulheres foram mortas a golpes de pedra dados por Edimar, segundo relataram Fábio e Adriano em depoimento à polícia.
Após as mulheres serem mortas, o pastor Edimar e Fábio entraram no veículo usado no crime junto com Carlos Eduardo, que passou a sofrer uma série de espancamentos. O rosto da vítima ficou ensanguentado. Os criminosos seguiam com ele de volta para Vitória da Conquista, quando a vítima tomou o volante e provocou um acidente com outro carro, que trafegava na direção oposta.
Após a batida, Edimar e Fábio fugiram, tendo este sido localizado pela polícia momentos depois. Carlos Eduardo procurou ajuda com as pessoas que estavam no outro carro que colidiu com o dele.
Já Adriano, o outro comparsa, seguiu com a picape dos pastores para uma área rural para tentar esconder o veículo, tendo sido preso na manhã seguinte ao crime, e a picape, recuperada. O pastor Edimar permaneceu foragido por sete dias após o crime, até ser localizado numa fazenda em Ibicuí, também no Sudoeste. Ele sempre negou as acusações de ter sido o autor dos crimes.

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