sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Mordida e até mesmo arranhão de cachorro trazem risco de infecção

A cavidade oral dos cachorros pode abrigar mais de 300 tipos de microrganismos como bactérias, fungos, vírus e protozoários. 
A história evolutiva compartilhada por humanos e cachorros iniciou-se há 32 mil anos, segundo estudo da Nature Communications, o que só reforça o status de 'melhor amigo do homem'. Mas isso não impede que a linguagem própria dos cães, em algumas circunstâncias, seja interpretada de maneira errada e tenha como consequência ataques que podem oferecer riscos à saúde. 
A cavidade oral dos cachorros pode abrigar mais de 300 tipos de microrganismos como bactérias, fungos, vírus e protozoários. Desta forma, a mordida pode gerar lesão inflamatória e infecciosa em pele, músculos, nervos e ossos, embora mais de 50% dos casos de mordedura não se tornem infecciosos por conta do nosso sistema imunológico competente. 
Primeiros cuidados 
É natural que as extremidades do corpo, como mãos, braços e pernas, sejam os locais mais propensos à mordida, reforçando uma ação natural de defesa já que tendemos a utilizá-los para impedir ou neutralizar um possível ataque. 
Neste contexto, são quatro os tipos de lesões possíveis: arranhões, perfuração, dilaceração e esmagamento. Em cortes mais aprofundados, há o risco de afetar nervos e tendões (tenossinovite) e haver infecção da articulação (artrite séptica), em casos mais severos, pode-se atingir a parte óssea, com a inoculação da bactéria (osteomielite). 
No entanto, procedimentos primários, em caso de mordida, podem ser adotados para diminuir os riscos de infecções: 
Lavar o corte com água corrente e sabão ou soro fisiológico; 
Estancar o sangramento com curativo compressivo; 
Buscar atendimento médico independente do grau e seriedade da lesão. 
Após avaliação médica, o tratamento ocorre com antibióticos de largo espectro, com objetivo de atingir grande número de microrganismos, com foco nas infecções primárias e, em alguns casos, secundárias, além de anti-inflamatórios e analgésicos, de acordo com a necessidade. 
Nunca menospreze uma ferida É bom levar em conta que, mesmo lesões leves, com arranhões superficiais e sem hemorragias, podem causar infecções, embora feridas mais profundas tragam naturalmente maiores riscos, já que bactérias presentes na saliva do animal inoculam de forma progressiva e aprofundada nas camadas da pele. 
Os ferimentos menores, sem sinais evidentes, também devem ser levados em consideração, recomendando-se até mesmo uma abertura maior do local e ampliando a área para que ocorra a limpeza adequada da ferida. Pessoas com doenças preexistentes (desnutrição, imunossupressão ou diabetes) devem ter atenção redobrada já que podem desenvolver algum tipo de contaminação com maior frequência. 
A raiva e outras infecçõe
Uma pesquisa recente do CDC (Center For Disease Control - Centro de Controle de Doenças dos EUA), aponta que cerca de 4,7 milhões de pessoas nos Estados Unidos são vítimas de mordidas de cachorro todo ano, com cerca de 800 mil desses casos necessitando de cuidados médicos mais acentuados. 
No Brasil, dados da Secretaria de Vigilância em Saúde, com base em registros do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), que tem como referência atendimentos antirrábicos entre 2009 e 2013, notificaram mais de 500 mil mordeduras, somando-se a animais silvestres, como morcegos, raposas, entre outros. 
Porém, mais de 90% dos casos de raiva humana ocorrem através da mordida de cães não vacinados, via saliva. Uma doença viral infecciosa que acomete o ser humano de forma quase sempre fatal, e afeta tanto animais domésticos como selvagens. Desta forma, a vacinação de cães é a forma mais efetiva para a prevenção da raiva em pessoas. 
Quando infectadas, o período de incubação da raiva nas pessoas pode variar, dependendo de vários fatores, inclusive o local de entrada do vírus, ou seja: o local da mordida. Quanto mais próxima da medula espinhal e cérebro é a mordida infectada pelo vírus, mais rápido é o desenvolvimento dos sintomas, que inicialmente incluem febre, dor, formigamento e parestesia (sensação de formigamento) na região da ferida. 
Conforme o vírus se espalha no sistema nervoso central, desenvolve-se inflamação progressiva e fatal do cérebro e da medula espinhal. Em pessoas imunologicamente comprometidas, as mordeduras de cães também podem causar infecção generalizada e até choque séptico, ou septicemia, ou meningite em crianças. Por fim, mesmo não sendo comumente encontrado na boca de cães, pode haver infecção pela bactéria responsável pelo tétano.

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