sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

“Um ‘a’ na frente e o mar fica maior”

Tatiani V.Harvey 
Médica Veterinária 
Doutora em Parasitologia/UESC
CRMV/BA 04034
@tatiani_harvey
Este é o slogan do Projeto A-Mar, ao qual dedico a coluna de hoje. O projeto, coordenado pela bióloga Stella Tomás e pelo Veterinário e Biológo Wellington Laudano, nasceu em 2015, no município de Serra Grande, com o objetivo de cativar e disseminar o amor e o respeito ao ecossistema marinho, costeiro e à natureza, como um todo.
Provavelmente, você já deve ter ouvido sobre as ações do grupo, composto por cinco profissionais e, aproximadamente, 100 voluntários ao longo da costa entre Maraú e Canasvieiras. As atividades do grupo contemplam ações voltadas à conservação da biodiversidade, à conscientização ecológica, à educação ambiental a cidadania (assim como eu, eles também orientam os tutores de cães a recolherem as fezes dos seus animais da areia da praia, para evitar a transmissão de doenças) e ao monitoramento e pesquisa. Entre estas ações, incluem-se o monitoramento de desovas de tartarugas e de animais encalhados, mortos ou debilitados e os mutirões de recolhimento de lixo em praias da região, além de diversas abordagens educativas para públicos diversos, incluindo educação ambiental para crianças. O grupo já ganhou seu espaço no contexto da conservação da vida marinha, em âmbito local, nacional e internacional.
Além do seu papel importante na conservação e proteção das espécies marinhas, inclusive para o contexto da Saúde Única, a presença destes grupos e projetos é fundamental para a composição de bancos de dados ambientais, em todos os níveis administrativos do país. Ao longo dos últimos anos, a vida marinha tem passado por momentos ainda mais tensos e tristes. A cada ano, o número de animais encalhados, debilitados ou mortos, tem aumentado em todo o litoral brasileiro. E as informações captadas por estes grupos têm ajudado a responder muitas perguntas sobre esta situação e a compreender a complexidade desta realidade. E são inúmeras as suposições do porquê destes encalhes; as respostas são contrastantes e parecem vincular-se, a circunstâncias pontuais em algumas localidades.
Em Ilhéus, por exemplo, o A- Mar afirma que a maioria dos encalhes deve-se ao emalhe acidental, em pesca por arrasto ou fantasma, por exemplo. Neste local, as mortes ocorrem pela pesca excessiva, ou sobre pesca, pois além dos pescadores locais, diversas vezes, barcos pesqueiros de outros locais adentram a região, ilegalmente. Segundo Laudano, Ilhéus concentra a maioria dos encalhes do sul da Bahia, do Nordeste e do Brasil. Mas será que a pesca excessiva é realmente a única explicação?
Outras justificativas têm sido dadas, como o aumento da população marinha, alteração de rotas devido aos ventos períodos reprodutivos e a busca de águas mais quentes, turismo, perfuração em alto mar e poluição. No entanto, não há comprovação científica, com repetibilidade, para estes arrojamentos. Dessa forma, todos os dados possíveis tornam-se bem-vindos, e necessários.
Em 2019, o A-Mar registrou 213 mortes de animais marinhos, sendo 169 tartarugas, 8 botos cinza, 2 cachalotes anãs, 8 baleis jubarte e 26 aves marinhas. E nestes primeiros dias de 2020, foi relatada a morte de 7 tartarugas e um golfinho de testa rugosa.
Enfim, meus cumprimentos a todos os envolvidos com esta causa. Incluo aqui, também o grupo Encalhes composto por acadêmicos da UESC. 
Se você encontrar um animal encalhado, por favor, entre em contato através do telefone (73) 998122850, do email projeto.amar.ba@gmail.com ou do instagram @projeto.amar.ba.

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