A professora Katianny Estivel coordena o projeto |
“Os grandes vão sobreviver, ajude-nos a salvar os pequenos”. Foi com esse lema que uma equipe de estudantes da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) se mobilizou para criar uma plataforma que une pessoas em estado de vulnerabilidade social com profissionais e voluntários dispostos a ajudar. Chamada de Enpathos, um derivado da palavra “empatia” em latim, a rede busca diminuir os impactos causados pela pandemia, de início no eixo onde surgiu, em Ilhéus e Itabuna, e posteriormente expandindo para toda a Bahia. O grupo de estudantes foi contemplado pelo edital global da Ford Motor Company Fund voltado para projetos que tivesse o propósito de enfrentar a crise causada pela Covid-19.
De acordo com Antônio Mello, estudante de Direito e um dos integrantes da equipe, os benefícios para os cadastrados vão desde a assistência social até o impulsionamento de trabalhadores autônomos. “Apesar do caos que tem sido esse período, queremos ser positivos de que a quarentena e seus efeitos irão fortalecer o trabalho em equipe e o senso de responsabilidade social entre os brasileiros”, destacou o estudante ao explicar que o processo é dividido em três etapas: “Primeiro, doadores e beneficiados precisam acessar o site e fazer um cadastro personalizado que varia de acordo com seu objetivo. Depois, uma equipe responsável vai analisar as respostas e cruzar as informações de forma a conectar duas partes. Após essa organização, os dados são repassados para a etapa final, na qual é realizada a mediação entre o ajudante e o ajudado”.
Camila Carvalho, estudante de História, conta que há pretensão de expandir o projeto para que, além de agregar autônomos, possa incluir também pequenos negócios em geral. Segundo ela, o Enpathos, que surgiu após o isolamento social, serve também para organizar as doações, que acontecem em decorrência de uma onda de solidariedade espalhada por todo o Brasil. “Começamos a perceber que estava se formando uma rede de solidariedade, quando vimos pessoas usando seus perfis nas redes sociais para divulgar negócios locais, enquanto outras ofereciam serviços de forma voluntária. Mas, apesar da nobreza dessas atitudes, a ajuda era difusa e não cumpria seu papel de alcançar um grande público, por acontecer de forma isolada. Por isso, surgiu a ideia de criar uma plataforma na qual fosse possível concentrar essa busca e oferta em um só lugar e, assim, gerar mais efetividade no ato solidário”, acrescentou.
Lina Soares, estudante de administração, que também integra a equipe criadora do projeto, ressalta que o maior diferencial deste trabalho é a adoção de um processo humanizado, que possui como meta tornar o espaço o mais acessível possível. Para colocar isso em prática, ela lista os principais obstáculos já superados pelo grupo. “O principal desafio era ter um site de fácil acesso até mesmo para aqueles que não têm muita afinidade com tecnologia e verificar as informações recebidas no cadastro para gerar mais credibilidade e segurança às pessoas inscritas. Além disso, a nossa principal preocupação é a forma como são feitas as conexões, pois diferente de outros aplicativos ou sites que possuem a mesma proposta, nós decidimos não utilizar qualquer software ou tecnologia facilitadora, pois acreditamos que o melhor “match” sempre será aquele que vem do olhar sensível de pessoas reais capaz de analisar as necessidades de cada indivíduo. Apesar deste processo necessitar de mais tempo, cumprimos com o objetivo de trazer resultados mais específicos e personalizados”, declarou.
O Enpathos está em sua fase de implementação e de testes, tendo sido, no dia 28 de abril, selecionado pelo edital global da Ford Motor Company Fund. A equipe concorreu com participantes da Índia, Reino Unido, África do Sul, Estados Unidos e de outros locais do Brasil. “Para nós foi uma surpresa muito positiva porque a competição contou com mais de 150 projetos inscritos e todos eles tinham um nível de qualidade muito bom. Poderemos melhorar a plataforma, utilizar recursos de vídeos para criar conteúdo, impulsionar a divulgação, além de facilitar a atuação dos voluntários”, disse Afonso Bitencourt, estudante de História e também membro do trabalho junto aos outros colaboradores: Armando Neto, Geane Santos, Gleidson Santos, Raiana Fonseca, Caio Gandra e a professora orientadora, Katianny Estival.
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