Especialistas dizem relatam manifestações que vão bem além da falta de ar e do cansaço, incluindo complicações que podem ser potencialmente fatais
(jornalista Ana Lucia Azevedo no O GLOBO deste domingo) - Dores lombares, desorientação, extremo cansaço e uma sinistra falta de oxigênio agora estão entre os sintomas da infecção pelo coronavírus. Novos e à primeira vista não relacionados, estes e outros distúrbios são capazes de enganar médicos — até mesmo quando eles próprios adoecem. Dois meses após a detecção do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, são manifestações de uma doença mais perigosa e diferente daquela que se imaginava.
A relação de sintomas de Covid-19 só tem feito crescer, mostra o “British Medical Journal”. Nas últimas semanas, sociedades médicas brasileiras e estrangeiras acrescentaram novas manifestações à doença, bem como o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês).
Os primeiros sintomas detectados, como dificuldade para respirar, febre e tosse, permanecem. Mas, entre as manifestações que se observam, além de perda total de olfato e paladar, estão os chamados “dedos de Covid” (dos pés, inchados e inflamados), conjuntivite, erupções na pele, toda sorte de dores musculares e articulares e sinais neurológicos, como perda de equilíbrio.
Não foi o vírus que se alterou, mas a dimensão da pandemia. O fato de o coronavírus ter infectado milhões fez emergirem sintomas mais variados, reflexo do quadro mais completo da doença.
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E o que se enfrenta “não é apenas uma pneumonia. É algo que nunca vimos antes”, disse à revista médica “Lancet” o cardiologista suíço Frank Ruschitzka, que trata de pacientes com Covid-19 no hospital da Universidade de Zurique.
Não foi o vírus que se alterou, mas a dimensão da pandemia. O fato de o coronavírus ter infectado milhões fez emergirem sintomas mais variados, reflexo do quadro mais completo da doença.
E o que se enfrenta “não é apenas uma pneumonia. É algo que nunca vimos antes”, disse à revista médica “Lancet” o cardiologista suíço Frank Ruschitzka, que trata de pacientes com Covid-19 no hospital da Universidade de Zurique.
Evolução inesperada
À frente de pesquisas sobre o tratamento da Covid-19 no Brasil, a médica Patricia Rocco, que chefia o Laboratório de Investigação Pulmonar da UFRJ e é membro da Academia Nacional de Medicina e da Academia Brasileira de Ciências, diz que, de fato, tudo mudou:
— Há dois meses, afirmaria que a Covid-19 era uma doença viral causadora de comprometimento respiratório, com casos graves marcados pela síndrome da angústia respiratória aguda. Hoje, a vejo como uma doença viral de evolução completamente inesperada. Você se depara com um grande comprometimento vascular.
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