A política, como pensava o velho e potente filósofo Aristóteles, é a arte de administrar a polis (cidade). Essa administração não pode ser restritiva, mas sempre inclusive, com o desejo ardente que todos os que pertencem à polis se sintam contemplados pelas decisões, feitos e projetos.
Pe. Damião Conceição de Souza borges²
Domingo próximo, mais uma vez viver-se-á a festa da democracia, com as eleições para os poderes executivo e legislativo, na esfera da municipalidade. É um momento que envolve parcelas significativas da das pequenas e grandes cidades; momento de projeção em mudanças, ainda que que a escolha seja pela manutenção do governo.
É verdade que o pleno pleito eleitoral, restrita às escolhas específicas para a governabilidade municipal em nosso país que contempla e exige posturas de coletividade, ou seja, que a oportunidade da escolha de gestores e legisladores deve ser de ímpar qualificação, sem interesses outros, notoriamente escusos (o que já foi refletido em edições anteriores desta coluna), mas que garantam benefícios para todos!
Neste contexto efervescente, recentemente saiu uma pesquisa em um dos canais da televisão brasileira, que mostrava a existência de um índice de 16% de rejeição da política e de todos os prefeituráveis e futuros legisladores. Esta pesquisa é localizada, bem verdade, mas é mitser considerar que ela é um pisca alerta de que a conjuntura atual do cenário política suscita preocupações e não só isso, mas grandes questionamentos!
O que é merecedor de destaque nesta pesquisa não é simplesmente a suposta indiferença das pessoas aos candidatos, mas o desejo delas de não se envolver com uma disputa que é necessária, uma vez que, como defende a Doutrina Social da Igreja Católica (Nº 189), a alternância de poder é necessária, justa e saudável, evitando assim, todo tipo de permanência injusta e imoral no poder, supostamente “confirmado” pelo povo.
Entretanto, essa pesquisa, que é um sinal do cansaço da população da conjuntura brasileira no âmbito político, antes de ser algo negativo pura e simplesmente é, a exemplo do que acontece com a pandemia do coronavírus, é uma grande oportunidade para que a sociedade brasileira recomece politicamente falando, apartando-se de um falso costume de auto-benefícios e priorizando projetos que sejam, de fato, benefícios para todos, numa verdadeira sociabilidade dos bens, que em si mesmos são de todos.
Por esta perspectiva, o momento atual de vivência política dos pequenos e grandes municípios, de maneira muito clara, estabelece uma cisão entre aqueles que se evolvem plenamente no pleito eleitoral e aqueles que se tornam cada vez mais indiferentes aos acontecimentos políticos. Mas isso não é postura de “crente”. O verdadeiro seguidor de Jesus deve se envolver com as escolhas da municipalidade, pois, política diz respeito às questões mais elementares da existência humana.
Que as dificuldades do momento hodierno e a falta de interesse pela governabilidade em todas as esferas possam ser encarados por todos como uma forma de Recomeços e que todos sejamos mais sociedade e menos individualizados; mais coletivos do que restritivos e verdadeiramente a festa da democracia aconteça, não a festa da demogogia oportunista!
2 Presbítero da Diocese de Ilhéus. Licenciado em Filosofia pela FBB, Bacharel pela UCSAL, chanceler da Cúria diocesana de Ilhéus e mestrando em Direito Canônico pelo Pontifício Instituto Superior de Direito Canônico do Rio de Janeiro, agregado à Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
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