quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Consciência e consequência

A expressão consciência é muito cara ao cristianismo, bem como aos organismos sociais que têm por motivação os aspectos morais, em vista do desenvolvimento humano. Esta expressão encontra “referência no latim como conscientia, associada ao adjetivo consciens, conjugado como particípio do presente conscīre, sendo construído sobre o prefixo con-, determinando união ou encontro, e scīre, que se refere à capacidade de saber discernir ou julgar, associado ao verbo scindere, interpretado pelas ações de dividir ou separa (...) em relação a cortar” (cf. https://www.google.com/search?sxsrf=ALeKk02hiXAopYfeB4jqxPQDdxiFl3R_KA%3que+significa+consci%C3%AAncia&oq=o+que+significa+consci&gs_l. acesso em 14.12.3030.
Pe. Damião Conceição de Souza borges
Consciência é um dos termos mais falados neste momento da humanidade, pois a pandemia exige que cada pessoa haja a partir da consciência. Essa reflexão sobre a capacidade que o ser humano possui de decidir conscientemente é muito rica, uma vez que “consciência implica à percepção da realidade particular do entorno, assim como saber diferenciar entre o bem e o mal, desde o ponto de vista da moral” (Ibidem). Deste modo, existem implicações muito sérias face ao agir do homem e da mulher de todos os tempos. 
Na verdade, o termo consciência pode ser bi-partido, ficando a partícula com, associada ao termo ciência. Essa individuação termológica é bastante atual e conclama a todos para agirem conscientemente neste momento perturbador, no qual a humanidade se vê prostrada diante do momento pandêmico. 
Agir, pois, conscientemente é tomar atitudes com ciência ou conhecimento de fato, a saber, está assenhorado dos desdobramentos dos atos realizados. Por este viés, na era dos grandes avanços científicos, dos majestosos efeitos da tecnologia, que entrelaça pessoas de universos tão díspares, é louvável a capacidade do ser humano em frentes diversas. 
No entanto, ainda que esse ser humano, em sua natureza e singularidade, esteja altamente avançado em construir coisas novas, é perceptível que há nele uma fraqueza moral em tomar “ciência” da realidade dos fatos em alguns aspectos existenciais e que incidem diretamente no seu bem-estar, a saber, da comunidade humana. 
Essa realidade tem ganhado notoriedade neste momento tão desafiador, no qual é possível tomar conhecimento de formas variadas acerca dos muitos equívocos comportamentais no momento pandêmico que a humanidade enfrenta e que tem sido um desafio de proporções assustadoras. 
Evidenciado está que, enquanto os científicos, de praticamente o mundo todo correm assustadoramente para conseguir “salvar” vidas, através de instrumentos medicamentosos eficazes, uma corrente (parcela significativa) conhecida como “anti-vacina”, em nome de uma falsa consciência ou uma consciência fraca no referente à promoção e defesa da via, se coloca numa postura de resistência ao medicamento, com o intuito de “contaminar” pessoas com um vírus do contrassenso. 
Esta postura de uma percentagem mundial que, mesmo sendo “baixa”, faz um barulho significativo e influencia na tomada de decisão dos governos mundiais, age na verdade sem ciência de fatos, ou ao menos, sem tomar para si esse grande problema que se tornou globalizado e letal. Essa postura pode ser vista como um tipo de estupidez, uma vez que, não são correntes, ideologias e nem governo A ou B, mas a comunidade científica mundial caminha na mesma direção quanto aos meios de atenuar o problema e neutralizar o vírus e salvar vidas. 
Sem contar nas posturas questionáveis de uma quantidade significativa de pessoas que, em desacordo às orientações sanitárias, escolhem aglomerar e evitar as demais estratégias de barrar a curva contaminadora. Face a esses comportamentos um tanto irresponsável, questiona-se: 1. Qual a compreensão de vida que o ser humano tem? 2. Qual o limite o limite da expressão liberdade? 3. Em que se baseia tamanha insanidade de tantas pessoas? Para fazer pensar! 
Que Deus, o pai das luzes, tenha misericórdia do ser humano, sua criatura amada! 

Presbítero da Diocese de Ilhéus. Licenciado em Filosofia pela FBB, Bacharel pela UCSAL, chanceler da Cúria diocesana de Ilhéus e mestrando em Direito Canônico pelo Pontifício Instituto Superior de Direito Canônico do Rio de Janeiro, agregado à Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. 

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