sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Projeto Budiões: aliando pesquisa e ações socioambientais em prol da conservação dos ambientes recifais

O Projeto Budiões é uma iniciativa de pesquisa e extensão (através de ações socioambientais), criada a partir da colaboração de grupos de pesquisa de sete universidades públicas brasileiras que realizam estudos em prol do entendimento e da conservação dos ambientes recifais e dos organismos que habitam esses ecossistemas. A Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), através do professor Alessandro Schiavetti
A partir de uma série de artigos e trabalhos acadêmicos realizados pelos pesquisadores, observou-se a necessidade de aprofundamento de ações voltadas para um grupo de peixes singular e colorido - os budiões, também conhecidos como peixes-papagaio.
Os budiões são espécies chave para os ambientes recifais, pois, desenvolvem funções únicas como bioengenheiros dos recifes, controlando o crescimento e a proliferação de algas e reciclando nutrientes. Pela sua função na manutenção do frágil equilíbrio dos ambientes recifais, e pelo crescente decréscimo de suas populações, esses peixes se tornaram o foco do Projeto Budiões.
O Projeto Budiões teve início em 2019 e após um período inicial com foco em ações digitais, devido à pandemia e recomendação para isolamento social, intensificou suas atividades presenciais pelas saídas a campo com o objetivo de coletar dados e adquirir conhecimentos científicos que auxiliem na conservação dos ambientes recifais e dos budiões.
Com o patrocínio da Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental, novas perspectivas e ações para a conservação, educação ambiental e pesquisa científica são realizadas nas sete áreas de atuação do projeto nos estados da Bahia, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Pernambuco, Alagoas, Maranhão e Rio Grande do Norte.
Os principais compromissos são integrar pessoas, realizar pesquisas e monitoramentos e propor e implantar políticas públicas para que a conservação dos budiões e dos ambientes recifais aconteça de fato.
Acreditando na necessidade da pesquisa científica e no envolvimento fundamental das universidades em ações de conservação, o Projeto Budiões é desenvolvido pelo Instituto Nautilus de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade em parceria com uma rede de pesquisa formada por professores e laboratórios da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB); Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Universidade Federal do Espírito Santo (UFES); Universidade Federal Fluminense (UFF); Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Universidade Estadual Santa Cruz (Uesc).
Os seus objetivos principais são: produzir conhecimentos científicos sobre a biologia e ecologia destes peixes; monitorar a atividade pesqueira voltada aos budiões; sensibilizar crianças, jovens e adultos sobre a importância dos budiões para os habitats coralíneos, através da formação de professores-multiplicadores e da formação de agentes de turismo locais como multiplicadores ambientais; incentivar o desenvolvimento junto às comunidades envolvidas através de atividades como o turismo subaquático, promovendo a capacitação para o turismo de base comunitária e subsidiar políticas públicas.
Pesquisa científica
Através da avaliação da estrutura populacional das espécies de budiões, através de censos visuais subaquáticos nos sete estados; Avaliação da estrutura e conectividade genética das populações ao longo da costa; Entender os padrões de ecologia trófica das espécies; Avaliar os padrões de movimentação e área de vida e a ocorrência e distribuição em ambientes profundos.
Monitoramento pesqueiro:
Focado primariamente no banco dos Abrolhos, onde há alguns anos registram os maiores desembarques e um esforço pesqueiro específico para estas espécies. Em Abrolhos busca-se estabelecer um monitoramento pesqueiro participativo, onde os próprios comunitários serão monitores e coletores de dados dos desembarques. Além disso, pesquisas sobre o conhecimento ecológico local serão realizadas nas comunidades envolvidas nesta ação para promover o entendimento histórico da pesca dos budiões.
Educação ambiental:
Ações específicas desenvolvidas a partir de um plano de educação ambiental construído para o projeto e direcionada à segmentos: professores da educação básica e agentes de turismo, que serão treinados para atuarem como multiplicadores ambientais.
Divulgação Científica:
Com ações de sensibilização e educomunicação, o Projeto busca abordar todos os atores sociais envolvidos na proposta do Projeto Budiões, e o público em geral, através de redes sociais, participação em eventos, palestras, realização de oficinas e workshops temáticos. Trazendo temas atuais sobre conservação e impactos dos mares e oceanos e das principais descobertas e ações do projeto.
Incentivo e Capacitação para o turismo de base comunitária:
Essa atividade busca levar oportunidades econômicas às comunidades tradicionais que dependem da pesca dos budiões como sustento, de forma a minimizar o impacto da extração garantindo a renda e sustentabilidade para estas famílias.
Informações sobre as espécies-alvo do Projeto Budiões
Os budiões são peixes pertencentes à Tribo Scarini, da Família Labridae. Esta família é composta por aproximadamente 100 espécies, distribuídas em 10 gêneros. No Brasil 10 espécies têm ocorrência registrada, das quais o projeto foca em cinco delas:
Nome popular: Budião-azul, bico-verde (Scarus trispinosus) Na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas o status de conservação está em perigo (EN). Espécie endêmica da costa brasileira, com até 90 cm de tamanho, essa é a maior espécie de budião encontrada no Brasil. Ocorre em toda a costa, desde o Maranhão até Santa Catarina, ainda que seja muito raro ao sul do Rio de Janeiro. Frequentemente avistado em grandes cardumes mistos, juntos com peixes- cirurgiões e outros budiões. Nos últimos anos teve sua população severamente reduzida, principalmente devido à pesca. É muito apreciado na culinária por apresentar a carne branca, macia e suave.
Nome popular: Budião-bandeira (Sparisoma amplum) Status de conservação: vulnerável (VU), tamanho: até 60 cm. Espécie endêmica da costa brasileira. Ocorre em zonas rasas até os 40m de profundidade. Encontrado tanto na costa quanto nas ilhas oceânicas. É a espécie avistada com menor frequência por viver em pequenos grupos e preferir zonas recifais mais profundas.
Nome popular: budião-banana, budião-palhaço (Scarus zelindae) Status de conservação: vulnerável (VU) Tamanho: até 45cm. Espécie endêmica da costa brasileira ocorre em zonas rasas até os 40m de profundidade. Encontrado tanto na costa quanto nas ilhas oceânicas. É a espécie menos frequentemente avistada por viver em pequenos grupos e preferir zonas recifais mais profundas.
Nome popular: budião-ferrugem, budião-cinza (Sparisoma axillare) Status de conservação: vulnerável (VU) Tamanho: até 45cm. Espécie endêmica da costa brasileira. Esta é uma das espécies mais abundantes de budiões da costa brasileira e que apresenta maior distribuição geográfica atual. É bastante comum em sua fase inicial nos recifes e costões rochosos rasos e encontrado até os 40m de profundidade.
Nome popular: budião-sinaleiro, budião-batata (Sparisoma frondosum) Status de conservação: vulnerável (VU), Tamanho: até 45cm. Também bastante abundantes na costa brasileira. É comum nos recifes e costões rochosos rasos e encontrados até os 40m de profundidade.

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