sexta-feira, 16 de abril de 2021

A educação pública antidemocrática americana

Uma tristeza presenciar a degeneração de um sistema educacional tão robusto como o americano. E o mais triste é que junto a ele desintegram-se os valores que nortearam a construção deste país e suas bases democráticas.
Tatiani V. Harvey
Médica Veterinária
Doutora em Ciência Animal com ênfase em Doenças Parasitárias
Especialista em Clínica de Pequenos Animais
Colaboradora do One Health Institute Heukelbacha
Não. Esta coluna não se trata de um afronte aos progressistas, mas do relato da experiência de uma mãe que espera preparar seus filhos para o futuro da maneira mais razoável possível. Meu filho de 10 anos estuda numa escola pública americana em Cambridge, estado de Massachusetts. Mas, ao invés de eu estar feliz e despreocupada com a educação que ele tem recebido, esta escola passou a ser um grande ponto de estresse na minha vida. Lamentavelmente, a agenda ideológica do partido democrata – que, na verdade, deturpa o termo democracia – enraizou-se no currículo dessas escolas com um objetivo muito claro, a doutrinação de crianças e jovens, desde a idade mais tenra. A qualidade da preparação que meu filho, que está no quinto ano, tem recebido é imensamente inferior ao que ele recebia no Instituto Nossa Senhora da Piedade, em Ilhéus. Vocês não imaginam a imensidão da minha frustração. O currículo, amplamente fundamentado em causas sociais, desvia o foco de matérias importantes como matemática, história, geografia e a própria língua inglesa. Ao invés disso, as crianças passam grande parte do tempo sendo, tendenciosamente, induzidas a discussões sobre justiça social, igualdade de gênero, transgenderismo, mudança climática, pobreza, direitos homossexuais... Não estou querendo dizer que estes temas são irrelevantes, mas trago a seguinte reflexão: o que, nós pais, queremos que nossos filhos aprendam na escola? Quão relevante é tratar este tipo de assunto com uma criança de 10 anos, ou menos? Meu filho precisa de atenção na língua inglesa e na matemática, a professora comenta. Mas, na época da eleição presidencial ela despendia mais de uma hora apresentando os idolatráveis atributos de John Biden – uma ironia, obviamente - e os benefícios que as famílias de imigrantes teriam se aderissem aos seus ideais. Era isso ou uma hora de lavagem cerebral contra o partido de oposição. E, até hoje, a professora segue seu recrutamento, fervorosamente, assim como seu auxiliar.
Definitivamente, este ano letivo, assim como o anterior, tem sido desafiadores para meu pequeno, e para nós, seus pais. O foco ideológico sobrepondo os princípios da educação, aliado ao ensino remoto e as implicações desta pandemia sobre a saúde mental das crianças têm gerado ansiedade, confusão e desqualificação para muitos estudantes. Infelizmente, este é parte do objetivo, pelo tenho visto. Outro dia, numa discussão sobre o tema Black lives matter, meu filho foi envergonhado, sem uma única palavra de suporte da professora. Ele manifestou sua posição de que, para ele “All lives matter”. Todas as vezes que ele escrevia esta resposta, um colega apagava. A professora não deu um “pio”. Ele olhou para mim com os olhos lacrimejantes, e perguntou: por que ninguém aceita minha opinião, mãe? Tivemos uma longa conversa sobre isso após a aula. Será este o exemplo de democracia que queremos para nossos filhos? Situações como esta têm ocorrido, continuamente, sobre temas variados. Meu filho perguntou por que a escola não comemora a Páscoa ou o Natal, mas feriados muçulmanos, por exemplo. Diga-me, sinceramente. Isto é democracia? Este é um sistema de ensino imparcial e que propicie que os estudantes desenvolvam seu próprio senso crítico? Você deve estar se perguntando como resolverei isto. Bem as opções que tenho, agora, são transferí-lo para uma escola particular cristã, a qual foca no ensino convencional, realmente, ou fazer as malas para um estado conservador. A última é muito é muito mais viável.
Enfim, meu ponto, com esta coluna, é alertar vocês, pais, para o papel da escola na vida contemporânea dos seus filhos. Muitos pais modernos têm deixado para a escola a responsabilidade de guiar seus filhos, e este é dos motivos através dos quais os valores tanto da sociedade americana quanto da sociedade brasileira estão sendo destruídos, e um dos motivos pelos quais a qualidade do nível educacional tem decaído nas populações do mundo inteiro, um dos motivos pelos quais a verdadeira democracia esteja, literalmente, morrendo.

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