Foto: Acervo da Pastoral da Criança |
A pandemia tem afetado diretamente as nossas crianças. Mais de um ano depois é possível verificar o agravamento da fome e da situação nutricional infantil. Dados do UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância apontam para dificuldades de acesso regular a alimentos em populações carentes em diversos países, quadro que deve provocar o aumento de casos de desnutrição. A carência de alimentos atinge também as gestantes, situação que predispõe a desnutrição intra útero e o aumento de crianças nascidas com baixo peso. Isso afeta tanto a sobrevivência infantil quanto impacta a saúde dessas crianças para o resto da vida. São as consequências da falta de cuidados em um período tão importante, os primeiros mil dias de vida. Além disso, durante a pandemia constatou-se o aumento do consumo de alimentos industrializados pela população. As crianças estão mais em casa, privadas de irem à escola, de brincar ao ar livre, estão exercitando-se menos. Ou seja, a pandemia tende a aumentar tanto a desnutrição quanto a obesidade infantil. Faz-se necessário o trabalho conjunto, do governo, sociedade civil e da própria comunidade, guiados pelo espírito de solidariedade para que o auxílio chegue, sem demora, aos mais necessitados. Saiba mais sobre o assunto na entrevista com Caroline Dalabona, nutricionista da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança.
Quais são os efeitos da pandemia da Covid 19 para a segurança alimentar e nutricional das crianças no Brasil?
Foto: Acervo da Pastoral da Criança |
Como está a situação nutricional das crianças brasileiras atualmente?
Segundo os dados desse relatório do UNICEF, as dificuldades financeiras das famílias mais carentes, que a gente conhece e sabe que estão acontecendo, forma como elas foram impactadas, as dificuldades de acesso à alimentação escolar, o relato de muitas que não estão conseguindo um acesso regular à alimentação, é esperado que haja aumento no número de crianças com desnutrição. A gente sabe que a alimentação mudou em algumas famílias, como o próprio relatório do UNICEF nos diz e, com o aumento do consumo de alimentos industrializados, até mesmo pelas crianças estarem só em casa, privadas de terem as brincadeiras fora de casa, de ter atividade física, é possível também que haja um aumento no número de crianças com obesidade. Ou seja, os dois extremos, as duas pontas de problemas nutricionais, a desnutrição e a obesidade tendem a aumentar. Pelos dados da Pastoral da Criança, entre 2019 e 2020, esses dados já apontam o aumento significativo no percentual de crianças com desnutrição e com obesidade.
Caroline Dalabona |
Quais são os desafios no enfrentamento à Covid 19, em relação à segurança alimentar e o acompanhamento nutricional das crianças?
Bom, os desafios são imensos, mas é preciso urgente o desenvolvimento de políticas públicas para tentar amenizar e reverter essa situação, antes mesmo que se agrave ainda mais. É lógico que não podemos ficar só esperando, cobrando do poder público, é preciso também agir. Então, é preciso mobilização da população, articulação, união local das diversas instituições, tais como Igrejas, associações, comércio, iniciativa privada, entre outros que possam contribuir e ajudar a resolver os problemas localmente, nas comunidades.
Por que o acompanhamento nutricional da Pastoral da Criança é tão importante neste período de pandemia?
A gente sabe da necessidade de acompanhar o estado nutricional das crianças. Devido a toda essa situação crítica que estamos passando, o que nós estamos orientando é que os nossos líderes conversem com as famílias quando fazem as visitas online ou quando fazem a visita domiciliar com todo o cuidado de distanciamento, uso de máscara. Que nesse momento que tem o contato com a família perguntem se a criança foi levada ao serviço de saúde recentemente e se foi realizado o peso e a altura, porque aí os nossos líderes conseguem incluir esse dado de peso e altura no Aplicativo e já conseguem avaliar o estado nutricional.
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