sábado, 31 de julho de 2021

Aleitamento Materno - novidades e desafios

(Pastoral da Criança) Estamos na semana mundial do aleitamento materno, cujo tema é “Proteja a amamentação: uma responsabilidade compartilhada”. Segundo Patrícia Lima, enfermeira e professora da Faculdade de Enfermagem da UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro e membro da IBFAN, a principal mensagem desta campanha é que as mães e crianças que vivenciam a amamentação precisam ser protegidas. A amamentação é um direito humano que precisa ser respeitado, protegido e cumprido e, como tal, não pode ser visto como uma responsabilidade da mãe apenas. Precisa ser uma responsabilidade de todos nós, família, sociedade e governos. O Brasil ainda encontra diversas dificuldades que o impedem de atingir maiores índices de amamentação, algumas delas são: vontade política, falta de profissionais habilitados, promoção de produtos substitutos do leite materno, aumento do trabalho informal que impede as mulheres de terem a licença maternidade de 120 dias. Na entrevista para o tema dessa semana, Patrícia também compartilha conosco quais são os cuidados que mães com suspeita ou confirmação de coronavírus devem ter ao amamentar seus filhos e, ainda, fala das novidades sobre a proteção extra que os bebês recebem através do leite materno de mães vacinadas.
Que anticorpos a mãe passa para o bebê durante a amamentação?
Através do leite, a mãe passa para o bebê uma infinidade de anticorpos. Sabe o colostro, aquele leite ralo dos primeiros dias após o parto? Ele é muito rico em fatores de proteção, protegendo o bebê em momentos que ele é ainda muito pequenininho. Ao longo do período que se recomenda a amamentação, que é dois anos ou mais, o leite materno vai se modificando, transferindo para o bebê esses anticorpos que vão protegê-lo até a fase adulta.
Como fica a amamentação se a mãe tiver suspeita ou confirmação de coronavírus?
Uma notícia muito boa é que mães com a doença podem amamentar seus bebês, pois o vírus não passa para o leite materno. A forma de transmissão da covid é respiratória ou quando tocamos em algo contaminado e levamos à boca, nariz e olhos. Por isso, uma mãe com covid, ou com suspeita, deve manter um distanciamento de pelo menos um metro do local em que o bebê esteja. Ao amamentar, deve sempre higienizar a mão com álcool gel a 70% ou lavar com água e sabão. Fazer uso de máscara e lavar as mamas se tossir ou espirrar sobre o peito. É fundamental que essa mãe possa contar com o apoio de pessoas próximas.
A proteção conferida pela vacina que a mãe tomou passa para o bebê através do leite materno, Patrícia?
Patrícia Lima
O leite materno de quem teve a doença, ou quem tomou a vacina, possui anticorpos que irão proteger o bebê. Ainda não se sabe por quanto tempo, mas o importante é saber que quanto mais tempo a mãe amamentar, mais tempo protegido seu filho ficará.
De acordo com pesquisa do site jornalístico “O Joio e o Trigo”, que faz reportagens sobre nutrição, muitas mulheres relatam terem sido desestimuladas a amamentar por um profissional de saúde, o qual indica fórmula infantil. O que pode ser orientado às mães em uma situação como essa?
A fórmula infantil deve ser usada nos casos específicos, como algumas doenças maternas ou da criança com absoluta indicação clínica. Prescrever fórmula para uma mãe que amamenta é algo terrível. Podemos orientar a mãe a proteger o seu bebê. Ela tem o melhor alimento. Nenhum outro leite o protegerá como o leite materno. Nenhum outro leite garantirá um crescimento saudável. Portanto, esteja certa, mamãe, que o seu leite é suficiente. Ele não é pouco. Ele não é fraco. Diga a esse profissional que você quer amamentar. Que ele só precisa dizer como fazer. Se não for suficiente, busque ajuda com outro profissional de saúde, alguém que olhe nos seus olhos e diga, “sim, estou aqui para te apoiar”. Alguém que reconheça que você é capaz, mas precisa de apoio e proteção.

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