quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Implante auditivo entra na coberturaPublicada:
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) ampliou a lista de coberturas obrigatórias dos convênios médicos. A nova resolução, publicada no Diário Oficial da União da última terça-feira (2), começa a valer a partir de janeiro do ano que vem, e inclui pelo menos 60 novos procedimentos, entre exames e tratamentos, a serem ofertados compulsoriamente pelas operadoras de planos de saúde. Entre eles está a cirurgia para implante coclear, que consiste na colocação de um aparelho auditivo que substitui as próteses tradicionais em pacientes com diagnóstico de surdez total. O procedimento já foi realizado pelos planos de saúde, mas estava suspenso há algum tempo devido ao alto custo (só o dispositivo conhecido como ‘ouvido biônico’ e seus componentes interno e externo custam, em média, R$ 50 mil). Nos últimos anos, alguns pacientes conseguiram na justiça a liberação para realizar a cirurgia custeada pela operadora. Agora, os usuários não precisam mais recorrer judicialmente para obter o direito. A nova determinação da ANS vai beneficiar cerca de 37 milhões de usuários de planos no Brasil, contratados a partir de 1º de janeiro de 1999. Destes, pelo menos 1,5 milhão são baianos. A técnica, entretanto, já é realizada há dois anos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em Salvador, as Obras Assistenciais Irmã Dulce (Osid) é o único local onde o procedimento é realizado. Desde 2009, quando o centro de referência foi implantado, 80 pacientes foram transplantados e outros 70 aguardam na fila de espera. A estimativa é que, com a resolução que inclui o implante no “Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde”, a lista de espera no SUS diminua, já que os portadores de apólice devem recorrer às suas seguradoras, abrindo vagas para pessoas carentes. “Se para os planos de saúde o procedimento é oneroso, para o SUS é muito mais, já que, além das despesas com a prótese, ele absorve também os gastos com o diagnóstico, terapia e revisões”, argumenta o fonoaudiólogo Marcos Banhara, responsável técnico pelo programa coclear das Osid. Segundo o especialista, a seleção de pacientes é feita de forma rigorosa. Só participa do programa pessoas com surdez bilateral, mesmo que em um dos ouvidos em menor grau em relação ao outro. “Esta operação só é indicada em casos de perda total da audição. Mas, pelo SUS, o implante é unilateral, ou seja, colocado apenas em um dos lados. Entretanto, o benefício social é muito bom, pois não se trata apenas de um programa de saúde, mas de reinserção social, já que a surdez tira o indivíduo do seu convívio social, afetivo e profissional”, salienta. Os resultados são surpreendentes, com cerca de 90% de satisfação total. Um mês após o implante do dispositivo o paciente começa a ouvir os primeiros sons e depois é encaminhado para a reabilitação auditiva para se adaptar à nova situação. As revisões são feitas a cada dois meses, a fim de melhorar a qualidade de vida do paciente.Além do implante coclear, a relação completa dos novos procedimentos, já está disponíveis no site da ANS: www.ans.gov.br. Direito à bariátricaDe acordo com as novas regras da ANS, os usuários dos convênios que têm obesidade mórbida terão direito assegurado por lei à cirurgia bariátrica por videolaparoscopia. Neste procedimento, em vez de abrir o abdômen do paciente, o médico faz apenas quatro a cinco mini-incisões de 0,5 cm cada uma, por onde passam as cânulas e a câmera de vídeo. O registro fica gravado e o paciente pode levar para casa a cópia do DVD, o que constitui um documento da operação. Apesar de ter um custo mais elevado, o método menos invasivo representa uma economia em médio prazo, pagando-se em cerca de seis meses, devido à redução dos dias de internação e da incidência de complicações. Além da redução do tempo de cirurgia, o paciente ainda tem as vantagens da diminuição do risco de infecção, menor incidência de hérnia no local do corte e a possibilidade de voltar às atividades normais em menos tempo. Das cerca de 60 mil cirurgias bariátricas realizadas em 2010 no Brasil, 35% foram por videolaparoscopia.
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