segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Em 2012, Dilma repetirá roteiro de Lula

CLÓVIS ROSSI - FOLHA DE SÃO PAULO
Ontem, Dilma chegou à Bélgica, onde terá encontros com líderes europeus
No início de seu segundo ano de governo, Dilma Rousseff repetirá o roteiro que fez Luiz Inácio Lula da Silva quando mal tinha assumido, em 2003: comparecerá tanto ao encontro anual do Fórum Econômico Mundial, que todo janeiro reúne a elite global na cidadezinha suíça de Davos, como ao Fórum Social Mundial, seu rival ideológico, que, em 2012, volta a Porto Alegre.

A presença em Davos já foi acertada com Klaus Schwab, o empresário e professor suíço que coordena o evento, a maior concentração mundial de personalidades da política, da academia e, principalmente, do empresariado.
O Brasil, aliás, será o destaque de Davos-2012. Todo ano, um país organiza uma série de eventos para chamar a atenção sobre si.
Já a presença em Porto Alegre ainda é apenas um desejo da assessoria palaciana.
Lula transitou com facilidade entre os dois ambientes opostos porque sua política pró-mercado deslumbrou o empresariado, mesmo mantendo os antigos laços com as organizações sociais que formam o chamado "povo de Porto Alegre".
Dilma, de tardia adesão ao PT, não tem tais laços. Não perdeu o apoio do empresariado, mas tampouco o deslumbra, ao contrário de Lula. Discursar ante os dois públicos seria uma maneira de marcar pontos com ambos.
VISITA À EUROPA
Bem antes de Davos/Porto Alegre, Dilma dará seu recado hoje e amanhã, em suas reuniões com a cúpula da União Europeia, em Bruxelas (Bélgica).
A presidente quer ouvir o que os europeus estão planejando para pôr fim à crise econômica. E dirá que teme que, se esta não for adequadamente enfrentada, fará dano ao Brasil, justamente em um momento que Dilma considera especial para o país.
Especial porque está no horizonte a meta de erradicar a miséria absoluta, que afeta 8% dos brasileiros.
Não é um número tão imponente para fazer desanimar ante a dificuldade de derrubá-lo.
Mas é óbvio que, se a crise atravessar o Atlântico e chegar ao Brasil, o crescimento será ainda mais afetado do que já está sendo, ao cair dos 7% do ano passado para algo em torno de 3,5% este ano. Sem crescimento, erradicar a miséria é uma miragem.
A presidente aproveitará as reuniões para um segundo recado: pedirá o apoio formal das instituições europeias para o programa Ciência sem Fronteiras, cuja meta é colocar 100 mil estudantes em cursos na Europa durante os próximos quatro anos. Três quartas partes do programa serão financiadas pelo governo, e o restante pela iniciativa privada.
Os convênios para a troca de estudantes têm que ser conduzidos bilateralmente com cada um dos 27 países da União Europeia e as respectivas universidades, mas o governo brasileiro acredita que o apoio institucional de um organismo supranacional como a Comissão Europeia agilizará o processo.
É evidente que, nas reuniões com os europeus, será repassada toda a densa agenda internacional, com ênfase para a chamada Primavera Árabe e para a Rio+20, o encontro internacional do ano que vem para fazer o balanço do que foi decidido em 1992 na reunião do Rio.
Dilma chegou ontem na hora do almoço a Bruxelas. À tarde, ela visitou o Museu Magritte, que reúne as principais obras do artista surrealista belga René Magritte (1898-1967).
Segundo a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, a presidente impressionou-se mais com as obras de caráter político do pintor, que foi próximo do Partido Comunista.

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