Demitido pela presidente Dilma Rousseff na última segunda-feira, 29, em Salvador, o ministro das Cidades, Mário Negromonte, avisou ontem ao PP que se despedirá do governo hoje. O ritual de desembarque do governo deve ser oficializado em reunião no Planalto. A informação é de um importante dirigente do PP que participou das negociações com o Palácio para garantir que as Cidades continuassem sob o comando do partido.
O dirigente nacional do partido já dá como certa a substituição de Negromonte pelo líder da bancada da Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PB). Diante da reabertura oficial dos trabalhos do Congresso, os deputados já estão marcando a eleição do novo líder para próxima terça-feira.
Por enquanto, o único candidato ao posto é o deputado Arthur Lira (AL), filho do senador Benedito de Lira (PP-AL). Segundo a Folha, a decisão de sair do governo foi informada numa conversa com os deputados Roberto Brito (PP-BA), Waldir Maranhão (PP-MA) e Vilson Covatti (PP-RS). “Ele está determinado e disposto a fazer isso amanhã (hoje).
isse que tomou a decisão por questão de foro íntimo”, disse Covatti. A situação de Negromonte agravou-se na semana passada após a Folha revelar a participação dele e do secretário-executivo, Roberto Muniz, em reuniões privadas com um empresário e um lobista interessados num projeto do ministério. O episódio culminou com a demissão do chefe de gabinete do ministro, Cássio Peixoto, na quarta-feira. Muniz também deve sair.
Segundo outro dirigente do PP, tudo está sendo feito dentro do “script” combinado com o próprio Planalto. O provável novo ministro, Aguinaldo Ribeiro, responde a processo na Justiça Federal por improbidade administrativa, mas um dos interlocutores do seu partido junto ao governo diz que tudo já foi avaliado pelo Planalto.
Ele aposta que não haverá impedimento. O processo vem dos tempos em que o líder foi secretário de Agricultura da Paraíba, entre 1998 e 2002, quando Aguinaldo foi acusado de improbidade administrativa por ter comprado remédios e equipamentos médicos para combate à febre aftosa sem licitação.
Os apoiadores do líder na bancada argumentam que a própria Justiça já se manifestou favorável ao deputado no processo que analisou as compras emergenciais. Lembram que o deputado foi absolvido no pleno do Tribunal Regional Federal da 5ª região, que é insuspeito até porque fica em Pernambuco, e não na Paraíba.
Depois de três meses de desgaste por conta de denúncias de irregularidades em sua Pasta, ficou acertado que, finalmente, Negromonte tomaria a iniciativa de entregar formalmente o cargo, facilitando a conversa com a presidente Dilma.
Ele retorna ao Congresso depois de ser derrotado na disputa pela liderança e, como hoje é minoria na bancada, não exercerá nenhum cargo relevante. Nem mesmo a presidência da Comissão Técnica permanente que couber ao PP na partilha dos postos de poder da Câmara. Segundo um correligionário, Negromonte sai da Esplanada dos Ministérios para a planície.
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