A atriz e ialorixá itabunense Alba Cristina participa, no próximo dia 23 de outubro, da 8ª edição da Festa dos Idiomas, evento cultural planetário realizado anualmente no Café Literario Balmaceda, em Providencia, Santiago. A atriz chega ao país andino como convidada do mestre de capoeira Badogue, que coordena ali o grupo Raça.
Alba Cristina conta que o convite surgiu depois de Badogue assistir a um vídeo na internet do grupo cultural paulista Macaia, onde ela canta uma música em homenagem ao orixá ogum. O projeto reúne composições autorais e cânticos entoados nos terreiros de camdomblé, umbanda, além de músicas do folclore brasileiro. “É um trabalho diferenciado, porque eles fazem um som usando instrumentos de corda e bateria”, diz a atriz.
A canção que marca sua primeira incursão no mundo da música é de autoria do compositor Carlos Pachiga, um dos componentes do Grupo Macaia. “Fui apresentada ao grupo pelo baterista Marcos Ferr, que me convidou para fazer uma participação na produção do CD, gravado no estúdio Caipira Urbano, do Zé Márcio, que toca viola no disco, ao lado do próprio Pachiga (violão) e Claudio Lopes (baixo)” relata.
Alba Cristina despontou na cena artística grapiúna na década de 1980, quando a região viu brilhar uma das mais talentosas gerações da sua história cultural. Iniciou a carreira no teatro ao lado do ator, diretor e dançarino, Jailton Alves, migrando depois para os grupos dos atores e diretores Aldo Bastos, José Delmo e do lendário diretor, ator e coreógrafo Mário Gusmão, que criou e dirigiu do grupo Em Cena, formado por ela, Carlos Betão, Marcos Cristiano, Jackson Costa, Marcelo Augusto e Mark Wilson.
Com a partida de Mário Gusmão, o grupo se desfez, e Alba Cristina investiu nas oficinas de arte e cultura, passando com elas pela Universidade Estadual de Santa Cruz e outros importantes espaços de fomento ao conhecimento em todo o sul da Bahia. Nos anos seguintes, atuou no cinema, em trabalhos como ‘Palavra e Utopia’, do consagrado cineasta europeu Manuel de Oliveira e agora no premiado ‘Coleção Invisível’, dirigido por Bernard Attal, que ganhou o Festival de Gramado 2013 e foi destaque na edição deste ano da Feira do Livro de Frankfurt.
Trinta anos de resistência artística e vivência religiosa – primeiro como filha do Ilê Axé Iêjexá Orixá Olofun e agora como ialorixá do Terreiro Odé Aladé Ijexá – deram a Alba Cristina assento permanente entre os grandes nomes da cultura do sul da Bahia. Seu trabalho está registrado também na produção de inúmeras peças publicitárias da região e outras partes da Bahia, Itália, Áustria e Argentina e no trabalho do Grupo de Teatro da Escola Agrícola de Ilhéus, que coordenou durante anos.
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