terça-feira, 31 de março de 2020

Crise anunciada: Diretor do Hospital de Base de Itabuna pede exoneração

O pedido de demissão do diretor do Hospital de Base abre crise em Itabuna na estratégia montada pelo governo do estado para o combate do Covid-19 no sul da Bahia. No primeiro momento, o Hospital de Base de Itabuna passaria a ser referência no atendimento exclusivo aos contaminados. O Hospital Costa do Cacau, faria sozinho o atendimento hospitalar. Ao que tudo indica, o prefeito de Itabuna, Fernando Gomes, não acatou, possivelmente em consequência da falta de recursos. Hoje, em carta endereçada ao prefeito, o presidente da Fundação de Atenção a Saúde de Itabuna -(FASI), instituição que administra o Hospital de Base, Juvenal Maynart Cunha, pediu exoneração do cargo, que ocupava desde setembro de 2019.
Em carta encaminhada ao prefeito, Maynart disse que a sua decisão ocorria devido a uma mudança de rumo muito perigosa no que se refere à condução das ações de enfrentamento ao flagelo do Coronavírus (Covid-19) no município e na região. "Alerto à gestão que, voltar a ser portas abertas a cerca de 160 municípios, recebendo variados tipos de pacientes, muitos desses certamente já infectados pelo coronavírus, se constitui uma temeridade do ponto de vista do enfrentamento a uma praga tão virulenta, que não respeita fronteiras, gênero, idade ou condição social. Temo que muitas vidas podem ser perdidas", disse Juvenal. 
Ao pedir a exoneração, o presidente da Fasi lembrou que a proposta inicial era exatamente outra. O Hospital de Base passaria à condição de Referência em atendimento a 800 mil potenciais pacientes da microrregião de Ilhéus e Itabuna. Também seria mais seguro para a comunidade em geral, visto que já não iriam ser misturados pacientes que procurassem nossa unidade por outros motivos, aos que estivessem tratando da Covid-19, dado o alto risco de contágio. "Evitaríamos que um paciente entrasse com o tornozelo quebrado saísse num caixão, vítima do coronavírus, numa infecção cruzada, sem direito a velório", destaca Juvenal na carta. 
Sendo uma unidade de atendimento exclusivo, O Hospital de Base teria o aporte (habilitação) de 31 leitos de UTI, que se somariam aos 9 leitos já habilitados, o que iria perfazer um total de 40 desses leitos. "Como uma ação local, preparamos espaço para uma eventual expansão, com capacidade para mais 90 leitos, prontos para receber respiradores", afirma o presidente da Fasi.. Esses, caso necessário, se somariam aos 60 leitos anunciados pelo Governo do Estado, perfazendo 150 leitos clínicos, todos equipados com respiradores. "Todos esses leitos, habilitados, fariam de nosso Hospital de Base uma verdadeira referência – aí no sentido de importância – estadual, quiçá nacional, no tratamento desses agravos", lamenta. 
Uma fonte ouvida pelo JBO informa que a condução da estratégia nos hospitais da região "foi infantil". Segundo a fonte, não tem condições de ativar um hospital como o de Base, que opera 500 pacientes de uma vez só, por mês. O pedido de exoneração do presidente da Fasi já circulava no hospital desde ontem à tarde. Até o momento o secretário estadual da Saúde, Fábio Vilas-Boas não se manifestou.

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