domingo, 20 de setembro de 2020

"Não nos livraremos das máscaras tão cedo", adverte especialista

Especialista alemão, que desenvolveu o primeiro teste de diagnóstico do mundo do Sars-Cov-2, avalia a situação da pandemia.
Em entrevista à Deutsche Welle, virologista alemão que desenvolveu o primeiro teste de covid-19 do mundo fala sobre o fim da pandemia e as regiões que mais preocupam. E antecipa um inverno difícil para a Europa.A ação direta e decisiva da chanceler federal Angela Merkel logo no começo da epidemia no país foi um dos fatores para o controle da covid-19 na Alemanha, segundo o virologista Christian Drosten.
Pessoas usam máscara de proteção contra o novo coronavírus no centro de Madri. — Foto: Manu Fernandez/AP
O especialista alemão, que desenvolveu o primeiro teste de diagnóstico do mundo do Sars-Cov-2, avalia a situação da pandemia no mundo e projeta até quando ainda as máscaras de proteção serão indispensáveis.
DW: Por quanto tempo ainda vai persistir a pandemia causada pelo novo coronavírus?
Christian Drosten: É muito difícil fazer previsões em nível global. Temos muitas situações diferentes e difíceis na Europa. O inverno não vai ser fácil. Teremos vacinas no ano que vem, mas penso que determinadas parcelas da população só poderão ser vacinadas no fim de 2021.
Não nos livraremos das máscaras tão cedo. Pois, mesmo quando for iniciada a vacinação, a maioria da população ainda terá que usá-las. Em países como a Alemanha, onde há poucas infecções, não haverá uma imunidade ampla. Provavelmente também será assim nos demais países da Europa.
Já para outras regiões, é difícil fazer previsões. Na África, por exemplo, o curso da doença parece ser menos grave. Isso pode se dever à estrutura demográfica, mas no momento estamos observando apenas os centros urbanos, onde vivem muitos jovens. Não sabemos como o vírus se comporta quando se propaga nas áreas rurais. Também não sabemos como está a epidemia lá no momento. Há dados indicando que as infecções estão diminuindo, mas não sabemos se podemos generalizar. É possível que a epidemia esteja diminuindo nas cidades, mas também pode ser que esteja apenas começando.
Que regiões o preocupam mais?
A Índia me preocupa mais no momento, porque lá a densidade populacional é alta e o vírus está se alastrando – eu não diria que de forma descontrolada, mas quase. Depois, é claro, áreas da América do Sul. Já falei da África, uma pequena incógnita no momento. Mas também me preocupa o Hemisfério Norte, às portas do inverno, e há regiões, inclusive na Europa, com pouco controle sobre o vírus. Países onde é baixa a confiança nas estruturas médicas e nos cuidados de saúde já estão entrando no outono com muitos casos de coronavírus. Creio que muitas nações, também na Europa, muito em breve deverão adotar medidas mais rigorosas.

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