Professora Olga FerreiraOlá,
Sou mulher, mãe, professora, tenho 48 anos e três filhos maiores de idade, dois deles desempregados. Sou também ilheense e católica... Frequentei durante muito tempo a igreja São José, da Avenida Itabuna, até a morte do Padre Getúlio. Depois disso, perdi um pouco a vontade de ir às missas porque não é mais como antes. Infelizmente, vejo uma igreja que se afasta cada vez mais dos objetivos que deveria ter, ignora as necessidades dos fiéis, não pisa no chão nem se inclina para ouvir o povo.
Um dos meus filhos desempregados é justamente o que concluiu o curso de Administração de Empresas na Uesc. Ele tem 25 anos e sua experiência profissional não passa de estágios do tempo da faculdade, nada além disso. Nós o queremos perto da gente, mas está difícil segurar um jovem de boa formação acadêmica e familiar, que vê seus sonhos cada vez mais se transformando em frustração. É duro!
Mas em Ilhéus está assim. Faltam oportunidades, as empresas fecham, assim como se fecham as portas para quem procura emprego. Por isso, é difícil para mim, como mãe e católica, entender a posição do bispo Dom Mauro, que resolveu combater o Porto Sul. Com que argumentos? Propondo o que em troca?
Não consigo entender uma suposta defesa do meio ambiente que não entende o ser humano como parte de todo esse contexto. Também não compreendo toda essa confusão em torno do assentamento Bom Gosto, já que – em trabalhos sociais dos quais já participei ali, descobri a miséria absurda em que vive a maioria das famílias. Existem áreas de 1 hectare onde 16 famílias tentam sobreviver, num verdadeiro processo de favelização rural. Muitos sequer vivem da terra, apenas moram nela e buscam seu sustento como trabalhadores informais em Ilhéus. Para mim, não tem nada melhor para essas pessoas do que negociar um reassentamento em boas condições, apoio financeiro e assistência técnica. O que não dá para entender é ser contra tudo e, em troca, oferecer nada. Aliás, o que se oferece é a manutenção de centenas de pessoas na miséria, no isolamento, longe dos serviços e distante de qualquer perspectiva.
É assim que muitos preferem viver em Ilhéus: na estagnação, na cegueira, de costas para as oportunidades. Ilhéus já perdeu várias chances de dar um futuro melhor ao seu povo. Muitos sonhos, como o de meus filhos, viraram frustração porque há gente com espírito de porco e mentalidade atrasada, que prefere ser contra... Para mim, na verdade, eles são contra Ilhéus.
Gostaria que essa carta fosse divulgada em todos os meios de comunicação, como um desabafo de uma mãe que está cansada de ver um filho formado, cada vez mais triste e decepcionado por não poder colocar em prática o que aprendeu na universidade. Sei que minha tristeza não é só minha. Há muitos na mesma situação, infelizmente.
Sou mulher, mãe, professora, tenho 48 anos e três filhos maiores de idade, dois deles desempregados. Sou também ilheense e católica... Frequentei durante muito tempo a igreja São José, da Avenida Itabuna, até a morte do Padre Getúlio. Depois disso, perdi um pouco a vontade de ir às missas porque não é mais como antes. Infelizmente, vejo uma igreja que se afasta cada vez mais dos objetivos que deveria ter, ignora as necessidades dos fiéis, não pisa no chão nem se inclina para ouvir o povo.
Um dos meus filhos desempregados é justamente o que concluiu o curso de Administração de Empresas na Uesc. Ele tem 25 anos e sua experiência profissional não passa de estágios do tempo da faculdade, nada além disso. Nós o queremos perto da gente, mas está difícil segurar um jovem de boa formação acadêmica e familiar, que vê seus sonhos cada vez mais se transformando em frustração. É duro!
Mas em Ilhéus está assim. Faltam oportunidades, as empresas fecham, assim como se fecham as portas para quem procura emprego. Por isso, é difícil para mim, como mãe e católica, entender a posição do bispo Dom Mauro, que resolveu combater o Porto Sul. Com que argumentos? Propondo o que em troca?
Não consigo entender uma suposta defesa do meio ambiente que não entende o ser humano como parte de todo esse contexto. Também não compreendo toda essa confusão em torno do assentamento Bom Gosto, já que – em trabalhos sociais dos quais já participei ali, descobri a miséria absurda em que vive a maioria das famílias. Existem áreas de 1 hectare onde 16 famílias tentam sobreviver, num verdadeiro processo de favelização rural. Muitos sequer vivem da terra, apenas moram nela e buscam seu sustento como trabalhadores informais em Ilhéus. Para mim, não tem nada melhor para essas pessoas do que negociar um reassentamento em boas condições, apoio financeiro e assistência técnica. O que não dá para entender é ser contra tudo e, em troca, oferecer nada. Aliás, o que se oferece é a manutenção de centenas de pessoas na miséria, no isolamento, longe dos serviços e distante de qualquer perspectiva.
É assim que muitos preferem viver em Ilhéus: na estagnação, na cegueira, de costas para as oportunidades. Ilhéus já perdeu várias chances de dar um futuro melhor ao seu povo. Muitos sonhos, como o de meus filhos, viraram frustração porque há gente com espírito de porco e mentalidade atrasada, que prefere ser contra... Para mim, na verdade, eles são contra Ilhéus.
Gostaria que essa carta fosse divulgada em todos os meios de comunicação, como um desabafo de uma mãe que está cansada de ver um filho formado, cada vez mais triste e decepcionado por não poder colocar em prática o que aprendeu na universidade. Sei que minha tristeza não é só minha. Há muitos na mesma situação, infelizmente.
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