sexta-feira, 29 de maio de 2020

Prevenção de doenças transmitidas por alimentos

Dra. Tatiani V. Harvey
Médica Veterinária
Mestre e Doutora em Ciência Animal
Ênfase em Doenças Parasitárias
Começo a coluna com uma pergunta, no mínimo, intrigante. Quem, realmente, conhece e adota medidas de prevenção de doenças na sua rotina doméstica diária? 
Obviamente, o tema prevenção de doenças é bastante complexo, pois a prevenção está associada a cada área da nossa vida física, emocional e espiritual. Hoje, voltamos nossa atenção à prevenção de doenças transmitidas por alimentos, conhecidas como DTAs. 
Vírus, bactérias, parasitas entéricos e toxinas podem ser transmitidos por alimentos. Doenças como salmonelose, listeriose, campilobacteriose, botulismo, rotavirose, norovirose, giardíase e, inclusive, verminoses, são DTAs frequentes no mundo todo. E a transmissão dá-se, com maior frequência, através da ingestão de carne crua ou malcozida, de produtos que utilizam leite não pasteurizado ou de frutas e verduras com contaminação fecal. Estas doenças, normalmente, manifestam-se através de vômito, diarreia aguda, dor abdominal, dor de cabeça, cólicas estomacais, fraqueza e febre. E algumas delas podem resultar em desordens neurais e cerebrais, artrite reativa, câncer e morte. Infecções pela bactéria Escherichia coli produtora da toxina Shiga (STEC), por exemplo, pode resultar na Síndrome Hemolítica Urêmica, frequente em crianças com menos de cinco anos. Bovinos são os principais reservatórios deste patógeno, que pode ser encontrado, também, em outros ruminantes, suínos, equinos, coelhos, animais de estimação e pássaros. A toxina butolínica, que é neurotóxica, pode culminar em paralisia respiratória e muscular, e pode ter sua origem em alimentos enlatados, e alimentos caseiros fermentados e conservados. A Campylobacter é transmitido através da carne de frango malcozida, principalmente. A Salmonella é amplamente distribuída nos animais domésticos e selvagens, podendo ser transmitida através da ingestão de ovos, leite e carne de frango, suína e bovina. Animais de estimação também podem ser reservatórios desta bactéria. A Listeria é transmitida, principalmente, através de queijos fabricados com leite não pasteurizado, mas pode ser encontrada em vegetais contaminados e outros produtos derivados do leite. A listeriose pode levar à doença grave em recém-nascidos, e é mais problemática para gestantes, idosos e imunodeprimidos. 
A prevenção destas doenças dá-se através de medidas de higiene aplicadas na rotina de aquisição até a preparação dos alimentos. Deixo, então, as seguintes dicas: lave as mãos antes de manipular alimentos e, com frequência, durante o preparo de alimentos; leve as mãos após ir ao banheiro; limpe e desinfete as superfícies e equipamentos usados na preparação de alimentos; proteja os alimentos, cozinhas e despensas contra insetos e roedores; cozinhe carnes e outros alimentos até que atinjam a temperatura de 70oC no seu interior; os caldos das carnes cozidas ou fritas não devem ser rosados; evite o contatode alimentos crus com alimentos cozidos; utilize utensílios diferentes para processar alimentos crus e cozidos. Por exemplo, a faca que manipula a carne crua não deve ter contato com a carne cozida; evite o consumo de carne não inspecionada; evite o consumo de produtos derivados de leite não pasteurizado; lave frutas e verduras antes de armazená-las no refrigerador; não deixe alimentos cozidos em temperatura ambiente por mais que duas horas; use água limpa para levar e preparar alimentos. 
Mais medidas de prevenção destas doenças podem encontradas no site do Ministério da Saúde (https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/doencas-transmitidas-por-alimentos) e na Cartilha sobre Boas Práticas para Serviços de Alimentação, disponível na internet. Além disso, para melhores esclarecimentos, sempre consulte o seu médico ou profissionais que atuem na área de prevenção de doenças. 

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