quarta-feira, 14 de abril de 2021

Estudo mostra que a mutação da variante do coronavírus P1 do Brasil pode se tornar mais perigosa

(Reuters) - A variante do coronavírus P1 do Brasil, por trás de um aumento mortal de COVID-19 no país latino-americano que gerou alarme internacional, está sofrendo mutações que poderiam torná-la mais capaz de escapar de anticorpos, segundo cientistas que estudam o vírus. .
Pesquisa realizada pelo instituto público de saúde Fiocruz sobre as variantes que circulam no Brasil encontrou mutações na região espigão do vírus, que é usado para entrar e infectar células.
Essas mudanças, disseram os cientistas, podem tornar o vírus mais resistente às vacinas - que têm como alvo a proteína spike - com implicações potencialmente graves para a gravidade do surto no país mais populoso da América Latina.
“Acreditamos que seja mais um mecanismo de escape que o vírus está criando para evitar a resposta de anticorpos”, disse Felipe Naveca, um dos autores do estudo e integrante da Fiocruz de Manaus, cidade de onde se acredita que a variante P1 tenha se originado .
Naveca disse que as mudanças pareciam ser semelhantes às mutações vistas na variante sul-africana ainda mais agressiva, contra a qual estudos mostraram que algumas vacinas reduziram substancialmente a eficácia.
“Isso é particularmente preocupante porque o vírus continua acelerando sua evolução”, acrescentou.
Estudos demonstraram que a variante P1 é até 2,5 vezes mais contagiosa do que o coronavírus original e mais resistente a anticorpos.
Na terça-feira, a França suspendeu todos os voos de e para o Brasil em uma tentativa de evitar a propagação da variante à medida que a maior economia da América Latina se torna cada vez mais isolada.
A variante, que rapidamente se tornou dominante no Brasil, é considerada um grande fator por trás de uma segunda onda massiva que elevou o número de mortes no país para mais de 350.000 - a segunda maior do mundo, atrás dos Estados Unidos.
O surto no Brasil também está afetando cada vez mais pessoas mais jovens, com dados hospitalares mostrando que, em março, mais da metade de todos os pacientes em terapia intensiva tinha 40 anos ou menos.
Para Ester Sabino, cientista da faculdade de medicina da Universidade de São Paulo que liderou o primeiro sequenciamento do genoma do coronavírus no Brasil, as mutações da variante P1 não surpreendem dado o ritmo acelerado de transmissão.
“Se você tem um alto índice de transmissão, como você tem no Brasil no momento, aumenta o risco de novas mutações e variantes”, disse ela.
Até agora, as vacinas, como as desenvolvidas pela AstraZeneca e Sinovac da China, se mostraram eficazes contra a variante brasileira, mas Sabino disse que novas mutações podem colocá-la em risco.
“É uma possibilidade real”, disse ela.

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